Ciência: pesquisa sobre evolução do Universo e o lugar da Terra no Cosmos venceu o Nobel de Física (Claudio Bresciani/TT News Agency/Reuters)
EFE
Publicado em 8 de outubro de 2019 às 09h12.
Copenhague — O canadense James Peebles, um dos três vencedores do Nobel da Física anunciados nesta terça-feira, se mostrou cético sobre a possibilidade de os seres humanos chegarem a ver vida em outros planetas.
"Ironicamente, temos esta visão sobre a vida em outros planetas e podemos estar muito seguros de que nunca poderemos ver estas outras vidas, estes outros planetas", declarou em entrevista por telefone durante a apresentação do prêmio na sede da Real Academia das Ciências Suecas, em Estocolmo.
Perguntado se acredita na possibilidade de existir vida em outros planetas, o pesquisador ressaltou que esse questionamento "mostra as grandes limitações, os grandes avanços e o grande poder da ciência".
"Certamente, isto é só uma suposição. E é destacável, irônico, que possamos estar muito seguros de que há muitos planetas e que entre eles existam os que são adequados para a vida de alguma maneira. Acredito que em alguns dessas planetas haverá algo que poderemos querer chamar de vida, mas, será como a vida na Terra? É muito difícil de saber, na minha opinião", argumentou.
Peebles recomendou que as futuras gerações de cientistas pesquisem por amor à ciência, sem pensar em hipotéticos prêmios pelos trabalhos desenvolvidos.
"O meu conselho para os jovens é que se dediquem à ciência por amor a ela, porque se sentem fascinados por ela. Foi isso o que eu fiz", acrescentou Peebles.
James Peebles e os suíços Michel Mayor e Didier Queloz foram anunciados nesta terça-feira como vencedores do Nobel de Física devido à contribuição para o entendimento da evolução do Universo e o lugar da Terra no Cosmos.
Peebles foi premiado pelas descobertas teóricas em cosmologia física, enquanto Mayor e Queloz foram agraciados por identificarem um exoplaneta orbitando uma estrela solar.
O cientista canadense, que também possui a cidadania americana, lembrou que em 1964, quando começou os estudos que resultariam em um Nobel, se sentiu um pouco "incomodado" por explorar um campo sem muitas referências e admitiu que nunca pensou que faria "uma grande descoberta".
O prêmio de Física segue o de Medicina, que abriu na segunda-feira a série de anúncios da atual edição do Nobel. Nos próximos dias serão divulgados os vencedores de Química, Literatura, Paz e Economia.
O Nobel de Medicina foi para os americanos William G. Kaelin e Gregg L. Semenza e o britânico Peter J. Ratcliffe, por revelarem a relação das células com o oxigênio disponível, o que possibilitou novas estratégias para o combate à anemia e ao câncer.
Os prêmios serão entregues no dia 10 de dezembro, aniversário da morte de seu fundador, Alfred Nobel, em uma cerimônia na Sala de Concertos de Estocolmo. O Nobel da Paz será entregue na Câmara Municipal de Oslo, o único que fora da Suécia, por desejo de Nobel, já que a Noruega fazia parte do Reino da Suécia na sua época.
Nesta edição serão anunciados excepcionalmente dois prêmios de Literatura, por 2018 e 2019, já que no ano passado a honraria não foi concedida devido ao escândalo de denúncias de abuso sexual que comprometeu a Academia Sueca.