Ciência

'Galáxias fantasmas' podem estar orbitando a Via Láctea, dizem cientistas

Estudo revela que até 100 galáxias "fantasmas" podem estar orbitando a Via Láctea, desafiando os limites da observação astronômica e oferecendo novas perspectivas sobre a matéria escura

Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 11 de julho de 2025 às 08h12.

Uma descoberta impressionante está colocando a astronomia em um novo rumo: até 100 galáxias invisíveis, conhecidas como "galáxias fantasmas", podem estar orbitando a Via Láctea. Essas galáxias, extremamente apagadas e difíceis de detectar, permanecem ocultas aos telescópios atuais devido à perda de matéria escura, um fenômeno causado pela forte atração gravitacional da nossa galáxia.

A pesquisa, conduzida por cientistas renomados como Isabel M. E. Santos-Santos, Carlos S. Frenk, Julio F. Navarro, Shaun Cole, e John Helly, foi publicada na prestigiada revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society. O estudo se baseia em simulações computacionais de alta resolução, que ajudam a entender a formação e a evolução das galáxias dentro do modelo cosmológico ΛCDM (Lambda-CDM), que descreve o universo como composto principalmente de matéria escura e energia escura.

O que são as galáxias fantasmas?

Essas galáxias órfãs, como também são chamadas, têm uma característica peculiar: elas perderam sua matéria escura, o que as torna praticamente invisíveis aos telescópios atuais. Isso ocorre devido à forte atração gravitacional da Via Láctea, que "dissolve" essa matéria escura ao longo do tempo, tornando essas galáxias muito mais difíceis de detectar, mesmo com as mais avançadas tecnologias astronômicas.

Até o momento, acredita-se que muitas das galáxias mais fracas e pequenas da nossa vizinhança cósmica não sejam visíveis por conta dessa perda de matéria escura. Mas o que esse estudo revela é que essa invisibilidade não significa que as galáxias não estejam lá. Pelo contrário, elas podem ser muitas, e apenas o avanço das técnicas de observação conseguirá encontrá-las.

A importância das simulações computacionais

O estudo é um avanço importante porque utiliza simulações computacionais para mostrar como essas galáxias órfãs podem ter sido formadas e depois "destruídas" devido à intensa atração gravitacional da Via Láctea. Usando o modelo cosmológico ΛCDM, os cientistas conseguiram simular a evolução dessas galáxias e como elas interagem com a matéria escura no universo.

Com base nessas simulações, os pesquisadores estimaram que até 100 galáxias fantasma podem estar orbitando a Via Láctea, mas permanecem ocultas para os telescópios devido à perda de matéria escura. Essas galáxias podem ter sido formadas como satélites da Via Láctea, mas foram gradualmente despojadas de sua matéria escura, o que as torna praticamente invisíveis para os métodos de observação atuais.

A descoberta abre caminho para novas observações

Com a descoberta de que muitas galáxias orbitando a Via Láctea podem ser galáxias fantasmas, os cientistas estão agora mais otimistas sobre a possibilidade de novas descobertas. Tecnologias de observação mais avançadas, como o DESI (Dark Energy Spectroscopic Instrument) e o LSST (Legacy Survey of Space and Time), podem ser capazes de detectar essas galáxias ultrafaint no futuro.

Essas futuras observações podem revelar muitas dessas galáxias, que, embora invisíveis aos instrumentos atuais, são teóricas e poderiam representar um enorme avanço para a astronomia. A pesquisa também sugere que muitas dessas galáxias podem ser encontradas em regiões mais distantes, onde a matéria escura ainda não foi totalmente destruída, abrindo novos caminhos para a exploração do cosmos.

Implicações para a nossa compreensão do universo

O estudo sobre as galáxias "órfãs" ou "fantasmas" traz consequências significativas para a cosmologia. A inclusão dessas galáxias invisíveis nas simulações e no modelo da Via Láctea altera a nossa compreensão sobre a distribuição e a formação das galáxias em nossa região do universo.

Esse trabalho também desafia um conceito amplamente aceito até agora: a ideia de que a Via Láctea não tem galáxias satélites suficientes. As galáxias órfãs podem estar compensando essa aparente escassez de satélites, e as futuras observações poderiam confirmar que há muito mais galáxias à nossa volta do que imaginávamos.

Além disso, a descoberta dessas galáxias ocultas pode ajudar os astrônomos a entender melhor a estrutura da matéria escura, que continua sendo um dos maiores mistérios da física moderna. As galáxias órfãs são uma janela para o comportamento da matéria escura em galáxias massivas, e a observação delas pode fornecer informações valiosas sobre o funcionamento do universo.

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