Aroeira-vermelha (também conhecida como peppertree), é uma espécie nativa da América do Sul (Forest & Kim Starr/Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 20 de fevereiro de 2017 às 10h56.
Última atualização em 21 de fevereiro de 2017 às 12h36.
As temidas e mortais superbactérias, que resistem aos mais fortes antibióticos, poderiam ser controladas por uma espécie de planta encontrada em abundância no Brasil: a Aroeira-vermelha (ou Schinus terebinthifolius).
O extrato da frutinha vermelha é usado, há séculos, por curandeiros indígenas da floresta Amazônica para tratar de doenças da pele. Ao estudar a cultura medicinal dos índios, pesquisadores descobriram que a planta tem propriedades que podem combater infecções letais e frear a multiplicação de superbactérias dentro do organismo.
Os antibióticos tradicionais atacam e matam as bactérias nocivas. Mas essa ação está se tornando cada vez mais ineficaz, porque os patógenos estão aprendendo a sobreviver a esse ataque. Já os compostos da aroeira funcionam de uma forma mais inteligente, desarmando as bactérias – e não destruindo.
A explicação, segundo os cientistas da Emory University, em Atlanta, seria a de que as propriedades da planta reprimem o gene que permite que as células perigosas se comuniquem entre si, interrompendo a infecção. Essa alternativa também reduziria as chances das bactérias de desenvolverem resistência.
Publicado na revista Scientific Reports, o novo estudo mostra que os compostos da planta foram utilizados para tratar, com sucesso, as lesões cutâneas de ratos infectados com superbactérias.
A aroeira-vermelha (também conhecida como peppertree), é uma espécie nativa da América do Sul, mas também pode ser encontrada na Flórida, no Alabama, na Geórgia, no Texas e na Califórnia. Também é considerada uma erva daninha com uma composição química poderosa. “As plantas persistentes têm uma vantagem química em seus ecossistemas, o que pode ajudar a protegê-los de doenças para que possam se espalhar mais facilmente em um novo ambiente”, explicou Cassandra Quave, professora de Biologia da Universidade Emory, ao Telegraph.
Se surtir o mesmo efeito em humanos, a descoberta pode trazer um alívio para a comunidade médica. No ano passado, um relatório da AMR (Antimicrobial Resistance) previa que o problema das superbactérias poderia causar 10 milhões de morte em todo o mundo em 2050, levando a medicina de volta à idade das trevas, com medicamentos comuns para prevenir infecções após as cirurgias.
Este conteúdo foi originalmente publicado na Superinteressante.