Ciência

Fóssil de braço revela detalhes sobre evolução dos 'Hobbits' da Indonésia

Novas descobertas em Flores apontam que Homo floresiensis descende do Homo erectus e passou por um processo de nanismo insular

Em 2017, um crânio do Homo floresiensis foi encontrado na Indonésia. (Getty Images/Getty Images)

Em 2017, um crânio do Homo floresiensis foi encontrado na Indonésia. (Getty Images/Getty Images)

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 7 de agosto de 2024 às 07h39.

Última atualização em 7 de agosto de 2024 às 08h29.

Uma recente descoberta de fósseis na ilha de Flores, na Indonésia, trouxe novas evidências sobre a origem da espécie extinta Homo floresiensis, popularmente conhecida como "Hobbit". Fragmentos fossilizados de um úmero, um osso do braço, foram encontrados no sítio arqueológico de Mata Menge e datam de aproximadamente 700 mil anos. Esse é o menor osso de membro já identificado em qualquer espécie da linhagem evolutiva humana e pertencia a um indivíduo adulto da espécie.

De acordo com a Reuters, o Homo floresiensis, que se destacou por seu pequeno tamanho e características primitivas, foi descoberto pela primeira vez em 2003, na caverna de Liang Bua, em Flores. Desde então, cientistas têm debatido a origem dessa espécie, considerando a possibilidade de que ela tenha evoluído a partir do Homo erectus, uma espécie que migrou da África para a Ásia há cerca de 1,9 milhão de anos. Outra hipótese sugeria que o Homo floresiensis poderia ter origem em espécies ainda mais primitivas, como o Homo habilis ou o Australopithecus afarensis.

A análise do úmero encontrado em Mata Menge, junto com fósseis dentários, sugere fortemente que o Homo floresiensis descende do Homo erectus. Fósseis de Homo erectus encontrados na ilha de Java, também na Indonésia, apresentam semelhanças significativas com os fósseis de Mata Menge, datando de 1,1 milhão a 800 mil anos atrás. Isso reforça a ideia de que o Homo floresiensis passou por um processo evolutivo de redução de tamanho corporal, conhecido como nanismo insular, após chegar à ilha de Flores.

Fenômeno evolutivo

O nanismo insular é um fenômeno evolutivo comum em grandes mamíferos que ficam isolados em ilhas, onde os recursos são limitados e a adaptação ao ambiente restrito é necessária. No caso do Homo floresiensis, esse processo levou a uma redução drástica no tamanho corporal em comparação com o Homo erectus, resultando na pequena estatura pela qual a espécie é conhecida.

Além do úmero, foram descobertos fósseis de outros indivíduos de Homo floresiensis em Mata Menge, incluindo ferramentas de pedra, que sugerem um estilo de vida adaptado às condições da ilha. Os pesquisadores acreditam que esses hominídeos sobreviveram em Flores por um longo período, até a chegada do Homo sapiens à região, evento que possivelmente contribuiu para a extinção da espécie.

A nova descoberta em Flores oferece insights valiosos sobre a evolução do Homo floresiensis e a dinâmica da sobrevivência de espécies em ambientes isolados. Esses achados continuam a expandir nosso entendimento sobre a diversidade e a complexidade da evolução humana.

Acompanhe tudo sobre:ArqueologiaIndonésia

Mais de Ciência

Por que esta cidade ficará sem sol até janeiro

Astrônomos tiram foto inédita de estrela fora da Via Láctea

Estresse excessivo pode atrapalhar a memória e causar ansiedade desnecessária, diz estudo

Telescópio da Nasa mostra que buracos negros estão cada vez maiores; entenda