Ciência

Formigas marcham em formação de batalha e resgatam os feridos

Cientistas descreveram nesta quarta-feira o comportamento único de resgate das formigas matabele africanas, chamadas Megaponera analis

Formiga Matabele: as formigas, que ficam com até 2 centímetros de comprimento, são especialistas na caça de cupins (Erik Frank/Reuters)

Formiga Matabele: as formigas, que ficam com até 2 centímetros de comprimento, são especialistas na caça de cupins (Erik Frank/Reuters)

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Reuters

Publicado em 12 de abril de 2017 às 22h10.

Washington - Assim como soldados humanos em combate, membros de uma espécie de formigas grandes, pretas e comedoras de cupim encontradas na África subsaariana marcham em formação para batalha e após o combate retiram camaradas feridas e as carregam de volta para casa para recuperação.

Cientistas descreveram nesta quarta-feira o comportamento único de resgate das formigas matabele africanas, chamadas Megaponera analis, após observa-las no Parque Nacional Comoé, na Costa do Marfim, mas não atribuíram motivos de caridade aos insetos.

"Este não é um comportamento altruísta", disse o entomologista Erik Frank, da Universidade de Wurzburg, na Alemanha, que comandou o estudo publicado no jornal Science Advances.

"As formigas não ajudam as feridas por bondade em seus corações. Há um claro benefício à colônia: estas formigas feridas podem participar novamente de operações futuras e continuar membros funcionais da colônia".

As formigas, que ficam com até 2 centímetros de comprimento, são especialistas na caça de cupins e usam uma estratégia operacional diferenciada.

Exploradoras deixam o formigueiro para buscar por locais de forragem de cupins, então recrutam até 500 companheiras de formigueiro e as levam aos cupins em uma formação em coluna. Formigas feridas em combate com cupins, algumas sem partes dos corpos ou ficando debilitadas, excretam químicos de seus corpos para sinalizar às companheiras por ajuda.

Formigas que não estão feridas então socorrem as feridas e as carregam, assim como os cupins mortos, de volta ao formigueiro na mesma formação em coluna, às vezes tão longe quanto 50 metros.

De volta ao formigueiro, outras formigas removem cupins que podem estar agarrados a formigas feridas. Formigas que perdem uma ou duas das seis pernas podem adaptar a locomoção, muitas vezes reconquistando em 24 horas velocidades de corrida similares a uma formiga saudável.

Quase todas as formigas resgatadas participam de operações seguintes, às vezes menos de uma hora após se ferirem.

Frank disse ter ficado surpreso em encontrar este comportamento em uma espécie invertebrada.

"Primeiramente me pareceu ilógico o porquê delas evoluírem este tipo de comportamento de ajuda", disse Frank. "Após um olhar mais atento, percebemos que o bem do indivíduo, salvando os feridos, também pode ser o bem da colônia, e que indivíduos podem ser muito valiosos em formigas".

Além de primatas como macacos, comportamentos de resgate também foram vistos em outros mamíferos, incluindo elefantes, ratos e golfinhos, segundo Frank.

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