Ciência

Flora intestinal distinta pode servir para o diagnóstico do Autismo, aponta estudo

Um estudo identificou que crianças com autismo possuem uma flora intestinal distinta

Descoberta pode revolucionar tratamentos de crianças com espectro autista. (Getty Images/Getty Images)

Descoberta pode revolucionar tratamentos de crianças com espectro autista. (Getty Images/Getty Images)

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 12 de julho de 2024 às 11h34.

Um estudo publicado na revista Nature Microbiology identificou que crianças com autismo possuem uma flora intestinal distinta, o que pode abrir caminho para diagnósticos mais objetivos. Atualmente, o diagnóstico de autismo depende amplamente das descrições dos pais e das observações de profissionais, o que pode levar a erros humanos. As informações são do The New York Times.

Os pesquisadores analisaram mais de 1.600 amostras de fezes de crianças entre 1 e 13 anos e encontraram vários "marcadores" biológicos específicos nas amostras de crianças autistas. Esses traços únicos de bactérias intestinais, fungos, vírus e outros microrganismos podem, no futuro, servir como base para uma ferramenta diagnóstica.

Utilizando técnicas de machine learning, os pesquisadores identificaram diferenças biológicas significativas entre as amostras de fezes de crianças autistas e outros grupos. Diferente de estudos anteriores, que focavam principalmente em bactérias intestinais, os pesquisadores ampliaram o escopo para incluir fungos, arqueas e vírus, além de processos metabólicos relacionados.

Ceticismo

Os pesquisadores identificaram 31 assinaturas biológicas que distinguiam os grupos. Em um novo grupo de amostras, essas assinaturas foram usadas para prever corretamente quais amostras pertenciam a crianças autistas. O modelo apresentou uma alta taxa de acerto, mas os cientistas advertem que mais estudos são necessários para validar esses resultados em ambientes clínicos.

Apesar dos resultados promissores, ainda há ceticismo na comunidade científica. Mais pesquisas são necessárias para provar a relação entre o microbioma intestinal e o autismo e se esses marcadores biológicos são indicadores válidos da condição. Além disso, o estudo precisa ser validado em amostras mais diversas, já que a maioria das amostras veio de crianças em Hong Kong.

Os cientistas destacam que este estudo é apenas o começo de uma longa jornada. Identificar marcadores biológicos no microbioma intestinal pode revolucionar o diagnóstico do autismo, permitindo intervenções mais precoces e eficazes.

A descoberta de que crianças autistas possuem um microbioma intestinal distinto abre novas possibilidades para diagnósticos mais precisos e objetivos. Com mais pesquisas e validações, essa abordagem inovadora pode transformar a forma como o autismo é diagnosticado e tratado, beneficiando milhões de crianças e suas famílias.

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