Hora extra: cientistas sugerem que a Terra pode ter 25 horas (Freepik/Divulgação)
Repórter
Publicado em 26 de fevereiro de 2025 às 11h08.
Última atualização em 26 de fevereiro de 2025 às 11h22.
Já imaginou ter um dia com 25 horas? Pesquisadores da Technical University of Munich (TUM), na Alemanha, sugerem que essa possibilidade pode se concretizar por causa de mudanças sutis na rotação da Terra.
O estudo aponta que pequenas oscilações no movimento do planeta, ao longo de milênios, podem estender o ciclo diário em uma hora, tornando os dias mais longos. As previsões sugerem que o dia mais longo desde 2019 deve acontecer em março de 2025.
Utilizando um laser anular no Observatório de Wettzell, os cientistas monitoraram a rotação terrestre e identificaram, em apenas duas semanas, uma variação de seis milissegundos. Apesar de parecer insignificante, essas mudanças se acumulam com o tempo e podem impactar a duração dos dias no futuro.
A rotação da Terra é influenciada por fatores internos, como o deslocamento do núcleo líquido e o movimento das placas tectônicas, além da interação gravitacional com a Lua. Pesquisas da NASA indicam que o satélite natural desempenha um papel crucial na estabilidade da rotação, mas também contribui para sua desaceleração progressiva.
Cientistas do Instituto de Geofísica da Universidade do Texas afirmam que a Lua se afasta da Terra cerca de 3,8 centímetros por ano, um fenômeno que afeta diretamente a dinâmica da rotação do planeta.
O Serviço Internacional de Rotação da Terra e Sistemas de Referência (IERS, na sigla em inglês) também estima que, até março de 2025, a duração de um dia poderá se estender em até 1,63 milissegundos.Embora essa variação pareça mínima, ela pode ter impactos significativos no funcionamento da tecnologia moderna. Desde os sistemas de GPS até as redes de comunicação, a precisão do tempo é essencial. Pequenas variações podem exigir correções, como a inserção de “segundos bissextos”, para garantir a sincronização global.
Se os dias realmente se tornarem mais longos, os impactos poderão ser percebidos em diversas áreas. Os ritmos circadianos humanos (também conhecidos como "relógio biológico"), ajustados pela luz solar, teriam que se adaptar a um ciclo prolongado, o que poderia influenciar padrões de sono e produtividade.
Além disso, a variação na duração dos dias afetaria as marés, controladas pela interação gravitacional entre a Terra e a Lua. Um estudo da Universidade de Pequim, publicado na revista Nature Geoscience, aponta que mudanças na rotação terrestre podem alterar a intensidade das marés, refletindo em transformações climáticas ao longo do tempo. Para os cientistas chineses, o derretimento das calotas polares está modificando a distribuição de massa na Terra, o que acaba afetando sua rotação e pode ser considerada a causa fundamental desse fenômeno.
Embora essa modificação na rotação ocorra de forma gradual, o monitoramento contínuo é fundamental para compreender seus possíveis impactos no futuro do planeta.