Ciência

Farmacêutica abre mão de lucro com vacina de Oxford contra covid-19

Vista como uma das mais promissoras por especialistas, vacina de Oxford será testada em 5 mil brasileiros

Vacina: AztraZeneca pretende produzir vacinas já no fim do ano se os testes se mostrarem eficazes (iStock/Getty Images)

Vacina: AztraZeneca pretende produzir vacinas já no fim do ano se os testes se mostrarem eficazes (iStock/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 2 de julho de 2020 às 16h21.

Última atualização em 2 de julho de 2020 às 18h26.

Vista como uma das vacinas mais promissoras contra o novo coronavírus por muitos especialistas, a proteção desenvolvida pela Universidade de Oxford e produzida pela farmacêutica anglo-sueca AstraZeneca, que já está na fase 3 de testes, será testada em 5.000 voluntários no Brasil, primeiro país fora do Reino Unido a iniciar esse estágio da pesquisa, em parceria com a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Em audiência pública da Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira, 1º, Jorge Mazzei, diretor executivo de relações corporativas da AstraZeneca no Brasil, afirmou que o laboratório não lucrará com a distribuição das vacinas. "O intuito nesse momento é conseguir garantir o maior número de vacinas disponível e garantir também uma distribuição homogênea no maior número de países possível", disse ele em transmissão ao vivo.

Mazzei também disse que, caso a vacina se mostre eficaz em testes preliminares, ela será produzida no Brasil já no fim deste ano. O diretor também afirmou que, por causa do acordo que fez com o governo brasileiro, a matéria-prima para a produção da vacina já estará disponível "assim que sua eficiência for comprovada."

Segundo a Agência Câmara, a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, confirmou que o acordo fechado com a farmacêutica prevê a compra do ingrediente ativo e da transferência de tecnologia, para que o laboratório da Fiocruz Bio-Manguinhos possa produzir a vacina "antes dos estudos finais." A ideia, segundo Lima, é produzir "com risco" 15,2 milhões de doses em dezembro e outras 15,2 milhões de doses em janeiro. A produção terá um custo estimado de 127 milhões de dólares (ou mais de 650 milhões de reais na cotação em tempo real).

Mais de 200 medicamentos e cerca de 165 vacinas contra o vírus estão sendo desenvolvidas ao redor do mundo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 18 delas já estão na fase de testes clínicos.

Os projetos mais promissores, no momento, além do de Oxford, são os criados pela Sinovac e pela farmacêutica Moderna. O projeto da universidade britânica é o único que está na fase 3 de testes. A Moderna anunciou em junho a liberação para a terceira etapa, que começará já neste mês. Na tarde desta quarta-feira, 1º, a vacina da farmacêutica Pfizer demonstrou bons resultados em seres humanos em um teste preliminar com 45 pessoas.

Uma pesquisa aponta que as chances de prováveis candidatas para uma vacina dar certo é de 6 a cada 100 e a produção pode levar até 10,7 anos. O doutor em microbiologia e divulgador científico, Atila Iamarino, acredita que as vacinas da Coronavac, a americana Novavax e a de Oxford são, também, as mais promissoras. Iamarino também acredita que, caso as vacinas não deem certo, outras que estão sendo produzidas pelas farmacêuticas Johnson & Johnson e pela MSD podem solucionar o problema.

Apesar disso, as expectativas de uma prevenção ser criada ainda em 2020 são baixas e a maioria das companhias aponta que, se tudo der certo, teremos uma até o ano que vem. 

Por aqui, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e Distrito Federal vão participar dos testes da vacina contra a covid-19 desenvolvida pela empresa chinesa Sinovac. Nove mil voluntários serão testados. O acordo entre o Instituto Butantan e o laboratório Sinovac prevê a transferência de tecnologia para a produção da vacina e distribuição no Sistema Único de Saúde (SUS). A previsão é que esteja disponível para a população em abril ou maio de 2021.

De acordo com o monitoramento em tempo real da universidade Johns Hopkins, mais de 10 milhões de pessoas estão infectadas pelo vírus no mundo e 511.909 morreram. Os Estados Unidos são o epicentro da doença, com mais de 2,6 milhões de doentes e mais de 127.000 mortes. Em segundo lugar no ranking está o Brasil, com 1.402.041 de infectados e mais de 59.000 óbitos.

Nenhum medicamento ou vacina contra a covid-19 foi aprovado até o momento para uso regular, de modo que todos os tratamentos são considerados experimentais.

Segundo o relatório A Corrida pela Vida, produzido pela EXAME Research, unidade de análises de investimentos e pesquisas da EXAME, as pesquisas para o desenvolvimento de uma vacina já contam com o financiamento de pelo menos 20 bilhões de dólares no mundo. Desse valor, 10 bilhões foram liberados por um programa do Congresso dos Estados Unidos.

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