Ciência

Sumiço de abelhas ameaça a produção agrícola dos EUA, diz estudo

Distribuição desigual de abelhas para campos agrícolas causa redução em certos tipos de alimentos nos EUA

Campos agrícolas: alimentos como vegetais e frutas podem se tornar mais caros por redução de plantação (Soteavy Som / EyeEm/Getty Images)

Campos agrícolas: alimentos como vegetais e frutas podem se tornar mais caros por redução de plantação (Soteavy Som / EyeEm/Getty Images)

ME

Maria Eduarda Cury

Publicado em 29 de julho de 2020 às 15h58.

Última atualização em 29 de julho de 2020 às 20h09.

Uma pesquisa realizada por cientistas dos Estados Unidos, Canadá e Suécia e publicada na revista científica Royal Society, relatou que diversas áreas agrícolas estão sendo prejudicadas pela falta de abelhas nas plantações. Entre os alimentos que tiveram sua quantidade reduzida estão a maçã, as cerejas e os mirtilos.

O estudo analisou os dados de 13 estados dos Estados Unidos e suas respectivas culturas alimentares. Os cientistas relataram que as abelhas estão sofrendo com a redução de campos floridos, com o uso de pesticidas e também com a crise climática global.

Abelhas selvagens, como mangangás, são exemplos de polinizadores que estão sendo afastadas das plantações. Os cientistas estimam que três quartos das culturas alimentares do mundo podem ter prejuízo devido a redução de abelhas nos campos agrícolas.

Rachel Winfree, ecologista da Universidade Rutgers, nos Estados Unidos, disse em nota que, dentre as 131 colheitas analisadas, as que continham mais abelhas tiveram uma produção significativamente maior. Os pesquisadores ainda ressaltaram que as abelhas selvagens são polinizadores mais eficazes do que abelhas comuns, embora ambas estejam em declínio.

Em 2017, a primeira abelha foi adicionada na lista de espécies ameaçadas dos Estados Unidos: o zangão. Pelas últimas duas décadas, o macho sofreu uma redução de 87%.

Entre as plantações que não tiveram prejuízo pela falta de abelhas, está a de amêndoas. Cultivadas com mais frequência na Califórnia, as plantações recebem anualmente uma grande leva de colmeias para polinização. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, a produção agrícola que depende de insetos e polinizadores aumentou em 300% nos últimos 50 anos.

Os cientistas reforçaram que, apesar do déficit, alimentos como arroz, trigo e milho não serão afetados. A previsão é que frutas e vegetais acabem se tornando mais caras. "As colônias de abelhas são mais fracas do que costumavam ser e as abelhas selvagens estão em declínio, provavelmente muito. A agricultura está ficando mais intensiva e há menos abelhas, então, em algum momento, a polinização ficará limitada. Mesmo se as abelhas fossem saudáveis, é arriscado confiar tanto em uma única espécie de abelha", disse Winfree em nota. 

Ainda segundo ela, a situação ainda não é de crise. A tendência, porém, é que não deve demorar mais 10 ou 20 anos para entrarmos em uma crise de segurança alimentar, e os cientistas aconselham os agricultores a entenderem a quantidade ideal de polinização para cada plantação - dessa forma, não deverá faltar para os demais campos.

Acompanhe tudo sobre:AgriculturaAlimentosEstados Unidos (EUA)Frutas

Mais de Ciência

Cientistas criam "espaguete" 200 vezes mais fino que um fio de cabelo humano

Cientistas conseguem reverter problemas de visão usando células-tronco pela primeira vez

Meteorito sugere que existia água em Marte há 742 milhões de anos

Como esta cientista curou o próprio câncer de mama — e por que isso não deve ser repetido