Ciência

Exame de sangue para câncer de próstata promete mais eficácia

Já está disponível no Brasil o Prostate Health Index (PHI), um teste considerado mais específico para flagrar tumores e que evita biópsias desnecessárias

Sangue: teste pode ser alternativa para detectar câncer de próstata (Gab13/Thinkstock)

Sangue: teste pode ser alternativa para detectar câncer de próstata (Gab13/Thinkstock)

Victor Caputo

Victor Caputo

Publicado em 3 de dezembro de 2017 às 08h00.

Última atualização em 3 de dezembro de 2017 às 08h00.

Você já deve ter ouvido falar no PSA, o exame menos invasivo para detectar o câncer de próstata. É que ele detecta, por meio de amostras de sangue, os níveis dessa molécula produzida naturalmente pela próstata (o tal PSA, sigla em inglês para Prostate-Specific Antigen) – é o aumento de sua concentração que chama a atenção para a presença de um tumor maligno ali.

O problema é que esse exame dá um número alto de falsos-positivo. Ora, a molécula pode subir por várias outras situações, inclusive benignas.

Não quer dizer que o exame que a mede não tenha o seu valor, é claro. Ele auxilia, há décadas, a detectar tumores na glândula masculina. A questão é que não deveria ser feito à revelia, pois frequentemente leva a investigações desnecessárias.

“Até três quartos das biópsias, que dão o diagnóstico final, são feitas em indivíduos que, na verdade, não têm câncer”, aponta William Pedrosa, endocrinologista responsável pelo teste no Grupo Hermes Pardini, em Belo Horizonte (MG). “E trata-se de um procedimento desconfortável, que leva a sangramentos e infecções”, completa o médico.

Para ajudar a entender melhor quem deve se submeter ao exame de PSA, um novo teste chegou ao Brasil no segundo semestre deste ano: o índice de saúde da próstata, chamado de PHI (sigla para Prostate Health Index). Além do PSA e do PSA livre, dosados nos exames atuais, ele analisa uma terceira molécula da família, o P2PSA, que parece estar mais ligada aos casos de tumores malignos.

Para ter ideia, um estudo chinês recente, realizado com mais de 1 500 homens, mostrou que 39% das biópsias desnecessárias feitas no grupo teriam sido evitadas se houvesse uma triagem com o PHI. E o novo procedimento ajudaria também a flagrar as versões mais perigosas da doença. “É um benefício que está em estudo, mas parece que o exame sinaliza os tumores agressivos, que se espalham pelo corpo e ameaçam a vida”, aponta Pedrosa.

Apesar de ainda não estar no rol de procedimentos oferecidos pelos planos de saúde, o exame já pode ser encontrado em laboratórios particulares do país – custa cerca de R$ 750.

Quem se beneficia do PHI?

Geralmente, quanto maior o resultado do PSA, mais elevado é o risco de câncer – daí a indicação para uma biópsia. A lógica aqui permanece a mesma. Mas o novo exame parece ajudar mais os homens na chamada “faixa cinza” do teste de PSA, entre 2 e 10 ng/ml. “Isso porque males como a hiperplasia benigna e a prostatite também têm resultados de PSA nesse nível, o que confunde o diagnóstico”, explica Pedrosa.

Preciso ou não fazer?

Quem tem parentes com câncer de próstata pode, sim, investigar a eventual presença de tumores da glândula a partir dos 40 anos. Mas, quanto ao resto da população masculina, não há consenso. O Instituto Nacional do Câncer recomenda que não sejam organizadas campanhas de rastreamento em massa por causa do índice de falsos-positivo e de biópsias e tratamentos desnecessários.

“Mas isso deve ser discutido entre médico e paciente, baseado no histórico de cada um e com informações sobre os riscos e benefícios”, aponta Pedrosa. Como sempre, a boa e velha consulta com um especialista é primordial.

Este texto foi publicado originalmente no site da revista Saúde.

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