Ciência

Exame de sangue moderno pode prever novo câncer na mama

Além de facilitar o acompanhamento da doença, a tecnologia evitaria que algumas mulheres tomassem remédio por mais tempo do que o necessário

Câncer de mama: exame moderno pode prever novo caso da doença (eskymaks/Thinkstock)

Câncer de mama: exame moderno pode prever novo caso da doença (eskymaks/Thinkstock)

Victor Caputo

Victor Caputo

Publicado em 17 de dezembro de 2017 às 07h00.

Última atualização em 17 de dezembro de 2017 às 07h00.

Um estudo americano indica que, no futuro, uma nova tecnologia pode facilitar (e muito) a vida de pacientes que já superaram um câncer de mama. Por meio de um simples exame de sangue, será possível antever o surgimento de um segundo tumor na região – e, assim, realizar o tratamento apropriado antes de isso acontecer.

Segundo o artigo, o teste deverá ser feito cinco anos após o diagnóstico da doença. Líder da pesquisa, o médico Joseph Sparano, do Centro para Cuidado do Câncer Montefiore Einstein (EUA) afirma que, se o resultado da nova avaliação for negativo, as chances de não ter um novo câncer de mama nos próximos dois anos são de impressionantes 98%. Isso é importantíssimo, uma vez que mulheres que já foram flagradas com esse mal uma vez possuem um risco maior de voltar a sofrer com ele.

O exame foi batizado de CellSearch, e procura por células cancerosas espalhadas no sangue. Ele até já está disponível nos Estados Unidos, mas sua real eficácia era questionável pela ausência de evidências científicas. Essa pesquisa, ao que parece, vai dar mais força ao teste – e estimular mais experimentos com ele.

O estudo em si

Foram incluídas no trabalho 547 mulheres que, cinco anos antes, passaram por cirurgia e quimioterapia para vencer um câncer de mama. Cerca de 66% delas, aliás, vinham tomando desde então bloqueadores de hormônios femininos (a chamada hormonioterapia). Trata-se de uma estratégia comum nos casos em que o tumor é estimulado pelo estrogênio.

A partir daí, elas fizeram o tal exame de sangue e foram acompanhadas por mais dois anos. Conclusão: quando a avaliação acusava a presença de células de câncer no sangue, a probabilidade de um tumor de mama reaparecer nesses período era 22 vezes maior!

Só tem um porém: mesmo se o resultado era positivo (ou seja, apontava unidades cancerosas na circulação), 65% das mulheres acabaram não tendo um novo tumor. De acordo com Sparano, no entanto, isso não inviabiliza o exame. “Não acompanhamos as pacientes por tempo suficiente”, disse, em entrevista ao New York Times. Em outras palavras, é possível que esse segundo câncer de mama se desenvolvesse após dois anos.

Outra ponderação importante é a de que a tecnologia analisada não consegue identificar o risco de um novo câncer em mulheres cuja doença não fora causada pelo estrogênio.

Como esse exame pode ajudar

Atualmente, recomendações internacionais pedem para considerar o uso da hormonioterapia por até dez anos após o surgimento do câncer de mama sensível ao estrogênio. O problema é que essas drogas trazem efeitos colaterais indesejáveis (parecidos com os da menopausa).

Portanto, se esse exame indicasse um baixo risco de a doença voltar a surgir, a mulher poderia abreviar a necessidade de bloqueadores de hormônio para, por exemplo, cinco anos. Fora que ele auxiliaria no acompanhamento da própria enfermidade sem exigir procedimentos invasivos ou avaliações de imagem.

Este texto foi publicado originalmente no site da Saúde.

Acompanhe tudo sobre:CâncerMulheresSaúde

Mais de Ciência

Telescópio da Nasa mostra que buracos negros estão cada vez maiores; entenda

Surto de fungos mortais cresce desde a Covid-19, impulsionado por mudanças climáticas

Meteoro 200 vezes maior que o dos dinossauros ajudou a vida na Terra, diz estudo

Plano espacial da China pretende trazer para a Terra uma amostra da atmosfera de Vênus