Publicado em 28 de janeiro de 2025 às 13h53.
Última atualização em 28 de janeiro de 2025 às 14h19.
Um surto de gripe aviária H5N9, altamente patogênica, foi registrado pela primeira vez nos Estados Unidos, em uma fazenda de patos no condado de Merced, Califórnia.
O episódio, notificado pela Organização Mundial de Saúde Animal (WOAH, na sigla em inglês) na segunda-feira, 28, também revelou a presença do já conhecido H5N1 no local.
Como medida de contenção, cerca de 119 mil aves foram abatidas em 2 de dezembro.
Impacto na produção avícola e monitoramento
A fazenda foi isolada por autoridades estaduais, e uma investigação detalhada está em andamento, conduzida pelo Serviço de Inspeção de Saúde Animal e Vegetal do Departamento de Agricultura dos EUA (APHIS, na sigla em inglês), em parceria com pesquisadores estaduais e federais.
Desde o início do surto, em 23 de novembro, os patos apresentaram sinais clínicos como aumento nas taxas de mortalidade.
A origem e os riscos do H5N9
A descoberta do H5N9 levanta preocupações sobre a evolução da gripe aviária. Segundo Angela Rasmussen, virologista da Organização de Vacinas e Doenças Infecciosas da Universidade de Saskatchewan, em entrevista ao San Francisco Chronicle, essa variante pode ter surgido a partir do rearranjo genético entre o H5N1 e outro vírus da gripe aviária contendo a proteína N9.
Rasmussen alerta que patos, por sua capacidade de carregar o vírus sem adoecer gravemente, podem espalhá-lo amplamente enquanto continuam voando e se alimentando.
Apesar da baixa probabilidade de infecção em humanos no momento, o surgimento de novas variantes, incluindo a possibilidade de recombinação com vírus da gripe humana, reforça a importância de medidas preventivas.
“É crucial manter o H5N1 longe de suínos, já que eles podem atuar como hospedeiros mistos para novos vírus reassortantes”, afirma Rasmussen.
Desde o início do surto de H5N1 nos EUA em 2022, mais de 136 milhões de aves foram perdidas, resultando em graves interrupções na cadeia de suprimentos.
Somente no último mês, o vírus afetou mais de 13 milhões de aves, agravando a escassez de ovos e elevando os preços em quase 40% entre dezembro de 2023 e dezembro de 2024. Projeções indicam um aumento adicional de 20% no custo dos ovos em 2025, impactando diretamente a inflação alimentar.
Além da produção comercial, o H5N1 foi detectado em animais silvestres e domésticos, incluindo gatos. O CDC reforça o monitoramento para prevenir a transmissão entre espécies e reduzir os impactos à saúde pública.