EUA poderão ter doses prontas para serem administradas nas pessoas antes do final do ano, disse Fauci (Pool/Getty Images)
Isabela Rovaroto
Publicado em 10 de novembro de 2020 às 08h05.
Última atualização em 10 de novembro de 2020 às 09h46.
O diretor do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos, Anthony Fauci, saudou nesta segunda-feira a notícia sobre a vacina contra o coronavírus desenvolvida pela Pfizer como "um grande avanço", e disse que os EUA poderão ter doses prontas para serem administradas nas pessoas antes do final do ano.
Em entrevista à CNN, Fauci disse acreditar que permanecerá em sua função atual por enquanto, e afirmou que não tem intenção de sair do cargo.
O presidente Donald Trump, que está tentando contestar sua aparente derrota na eleição presidencial da semana passada para o democrata Joe Biden nos tribunais, criticou publicamente Fauci e não conversa com a principal autoridade do país para o combate a doenças infecciosas desde o início de outubro, segundo Fauci.
A fala de Fauci ocorre no dia em que duas gigantes farmacêuticas --a norte-americana Pfizer e a alemã BioNTech-- anunciaram que a vacina que desenvolvem contra a Covid-19 possui pelo menos 90% de eficácia, segundo dados das empresas ainda não revisados de forma independente.
Das 47 em fases de testes, apenas 10 estão na fase 3, a última antes de uma possível aprovação. São elas a chinesa da Sinovac Biotech, a também chinesa da Sinopharm, a britânica de Oxford em parceria com a AstraZeneca, a americana da Moderna, da Pfizer e BioNTech, a russa do Instituto Gamaleya, a chinesa CanSino, a americana Janssen Pharmaceutical Companies e a também americana Novavax.
Nenhuma vacina contra a covid-19 foi aprovada ainda, mas os países estão correndo para entender melhor qual será a ordem de prioridade para a população uma vez que a proteção chegar ao mercado. Um grupo de especialistas nos Estados Unidos, por exemplo, divulgou em setembro uma lista de recomendações que podem dar uma luz a como deve acontecer a campanha de vacinação.
Segundo o relatório dos especialistas americanos (ainda em rascunho), na primeira fase deverão ser vacinados profissionais de alto risco na área da saúde, socorristas, depois pessoas de todas as idades com problemas prévios de saúde e condições que as coloquem em alto risco e idosos que morem em locais lotados.
Na segunda fase, a vacinação deve ocorrer em trabalhadores essenciais com alto risco de exposição à doença, professores e demais profissionais da área de educação, pessoas com doenças prévias de risco médio, adultos mais velhos não inclusos na primeira fase, pessoas em situação de rua que passam as noites em abrigos, indivíduos em prisões e profissionais que atuam nas áreas.
A terceira fase deve ter como foco jovens, crianças e trabalhadores essenciais que não foram incluídos nas duas primeiras. É somente na quarta e última fase que toda a população será vacinada.
Segundo uma pesquisa publicada no jornal científico American Journal of Preventive Medicine uma vacina precisa ter 80% de eficácia para colocar um ponto final à pandemia. Para evitar que outras aconteçam, a prevenção precisa ser 70% eficaz.
Uma vacina com uma taxa de eficácia menor, de 60% a 80% pode, inclusive, reduzir a necessidade por outras medidas para evitar a transmissão do vírus, como o distanciamento social. Mas não é tão simples assim.
Isso porque a eficácia de uma vacina é diretamente proporcional à quantidade de pessoas que a tomam, ou seja, se 75% da população for vacinada, a proteção precisa ser 70% capaz de prevenir uma infecção para evitar futuras pandemias e 80% eficaz para acabar com o surto de uma doença.
As perspectivas mudam se apenas 60% das pessoas receberem a vacinação, e a eficácia precisa ser de 100% para conseguir acabar com uma pandemia que já estiver acontecendo — como a da covid-19.
Isso indica que a vida pode não voltar ao “normal” assim que, finalmente, uma vacina passar por todas as fases de testes clínicos e for aprovada e pode demorar até que 75% da população mundial esteja vacinada.