O interior do National Ignition Facility (NIF) americano, que faz parte do Laboratório Nacional Lawrence Livermore (LLNL) na Califórnia, em foto de arquivo de 7 de julho de 2008 (Foto/AFP)
AFP
Publicado em 13 de dezembro de 2022 às 14h33.
Última atualização em 13 de dezembro de 2022 às 15h26.
Pesquisadores americanos anunciaram nesta terça-feira, 13, um avanço histórico no campo da fusão nuclear, que poderia revolucionar a produção de energia na Terra.
Os cientistas trabalham há décadas para desenvolver a fusão nuclear, considerada uma fonte de energia limpa, abundante e segura que pode permitir à humanidade quebrar sua dependência dos combustíveis fósseis, que provocam a crise climática global.
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O Laboratório Nacional Lawrence Livermore (LLNL), ligado ao Departamento de Energia americano, informou nesta terça no Twitter que o experimento em que estava trabalhando "produziu mais energia de fusão do que a energia laser usada" para causar a reação.
O Departamento de Energia descreveu a descoberta como um "grande avanço científico" que levará a "progressos na defesa nacional e ao futuro da energia limpa".
O diretor do LLNL, Kim Budil, disse que é "um dos desafios científicos mais importantes já enfrentados pela humanidade".
Esta descoberta entrará "nos livros de História", garantiu a secretária de Energia, Jennifer Granholm, em coletiva de imprensa.
O anúncio, que já havia sido vazado para a imprensa há dias, empolgou a comunidade científica em todo mundo.
As usinas nucleares utilizam atualmente a fissão, que consiste na divisão do núcleo de um átomo pesado para produzir energia.
A fusão nuclear combina, por sua vez, dois átomos de hidrogênio para formar um átomo de hélio mais pesado, liberando uma grande quantidade de energia no processo. Esse fenômeno ocorre dentro das estrelas, incluindo o Sol.
Na Terra, esse processo pode ser alcançado com a ajuda de lasers ultrapotentes.
Na National Ignition Facility (NIF), ligada ao laboratório californiano, 192 lasers são apontados para um cilindro do tamanho de um dedal, onde são colocados os átomos leves de hidrogênio a serem fundidos.
Os cientistas produziram, assim, cerca de 3,5 megajoules de energia, usando 2,05 megajoules através dos lasers, de acordo com o comunicado do laboratório.
Este resultado fornece a prova de princípios físicos descritos décadas atrás.
A fusão tem algumas vantagens: não oferece risco de desastre nuclear e produz menos lixo radioativo. E, acima de tudo, em comparação com as centrais a carvão, ou a gás, não gera gases de efeito estufa.
Ainda há, no entanto, um longo caminho a percorrer até que a fusão se torne viável em escala industrial e comercial.
Provavelmente "décadas", declarou nesta terça-feira Kim Budil, diretor do Laboratório Nacional Lawrence Livermore.
Os desafios são tecnológicos, pois é preciso conseguir repetir o experimento muitas vezes por minuto, explicou.
Existem outros projetos de fusão nuclear no mundo, como o chamado ITER, que está sendo desenvolvido atualmente na França.
Em vez de lasers, o ITER usará uma técnica conhecida como confinamento magnético: átomos de hidrogênio são aquecidos em um enorme reator, onde ficarão confinados com a ajuda de um campo magnético.
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