. (NASA/Divulgação)
EFE
Publicado em 27 de agosto de 2018 às 09h23.
A história da vida na Terra, desde a sua origem até nossos dias, pode ser explicada agora de maneira linear graças a uma combinação de informações proporcionadas por genomas e fósseis, como mostra um estudo publicado nesta segunda-feira pela revista especializada "Nature".
A pesquisa, feita por cientistas da Universidade de Bristol, no Reino Unido, buscava mostrar a evolução do planeta "como um todo", embora o registro fóssil dos primórdios da vida esteja "extremamente fragmentado e deteriorado", segundo os autores.
"O problema com o primeiro registro fóssil da vida é que é muito limitado e difícil de interpretar: uma nova análise cuidadosa de alguns dos fósseis mais antigos demonstrou de fato que são cristais, e não fósseis", afirmou a responsável pelo estudo, Holly Betts, à revista científica britânica.
Não obstante, os fósseis não foram os únicos elementos analisados para unir todos os anos de evolução.
"Os fósseis não representam a única linha de evidências para compreender o passado. Existe um segundo registro de vida preservado nos genomas de todos os seres vivos", acrescentou o professor Philip Donoghue, coautor da pesquisa.
Com base nessas informações, os responsáveis pelo estudo decidiram combinar os dados fósseis e de genomas para desenvolver uma escala de tempo sobre a história da vida na Terra sem que esta dependesse da idade "sempre em transformação" das evidências fósseis.
"Combinando essas informações, pudemos usar um enfoque chamado 'relógio molecular', que se baseia na ideia de que o número de diferenças existentes entre os genomas de duas espécies vivas (por exemplo, um ser humano e uma bactéria), são proporcionais ao mesmo tempo transcorrido desde que compartilharam um ancestral comum", disse o cientista Tom Williams.
Segundo o professor David Pisanim, os resultados indicaram que "duas linhagens de vida primária surgiram 1 bilhão de anos depois do último antepassado comum universal (conhecido como LUCA, por sua sigla em inglês)", que é o hipotético primeiro ser vivo do qual descendem todos os existentes.
"Usando esse enfoque, pudemos demonstrar que LUCA já existia há 4,5 bilhões de anos, não muito depois de a Terra colidir com o planeta Theia, o acontecimento que levou à sua esterilização e à formação da Lua", acrescentou Pisanim.
Para os cientistas, essa evidência "é uma prova do poder da informação dos genomas, já que seria impossível identificar e obter esses dados com base na informação fóssil disponível".
A pesquisa foi financiada pelos conselhos britânicos de Pesquisa do Meio Ambiente, Biotecnologia e das Ciências Biológicas.