Ciência

Estudo revela técnica que impede o envelhecimento — e atrai bilionários que sonham com a vida eterna

Pesquisadores da empresa alemã Beiersdorf AG usaram um modelo de pele 3D criado em laboratório para examinar como o soro sanguíneo de indivíduos jovens afeta as células da pele e da medula óssea

Bryan Johnson: americano é um dos magnatas do Vale do Silício entusiastas por técnicas da longevidade (Instagram/Reprodução)

Bryan Johnson: americano é um dos magnatas do Vale do Silício entusiastas por técnicas da longevidade (Instagram/Reprodução)

Mateus Omena
Mateus Omena

Repórter

Publicado em 19 de agosto de 2025 às 06h00.

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Um estudo recente, publicado na revista Aging em 25 de julho, trouxe à tona descobertas intrigantes sobre os efeitos do sangue jovem no envelhecimento da pele humana. Pesquisadores da empresa alemã Beiersdorf AG, especializada em cuidados com a pele, usaram um modelo de pele 3D criado em laboratório para examinar como o soro sanguíneo de indivíduos jovens afeta as células da pele e da medula óssea.

Os resultados indicaram que o soro sanguíneo jovem isolado não causou efeitos marcantes. No entanto, quando foi combinado com células da medula óssea, surgiram evidências claras de rejuvenescimento, como o aumento da proliferação celular, modificações na metilação do DNA e maior atividade metabólica — todos esses sinais indicam uma redução na idade biológica da pele. Os cientistas sugerem que essa interação entre o sangue jovem e as células da medula óssea pode ter o poder de reverter alguns dos efeitos do envelhecimento na pele.

Análises mais profundas

Em uma análise detalhada, os pesquisadores identificaram 55 proteínas produzidas pela medula óssea em resposta ao sangue jovem. Dentre essas, sete têm uma ligação direta com processos essenciais para a manutenção de uma pele jovem, como a renovação celular e a produção de colágeno.

"Descobrimos várias proteínas que podem ser os responsáveis por promover o rejuvenescimento da pele no nosso sistema", afirmam os pesquisadores no artigo. "Serão necessários estudos futuros para validar ainda mais essas proteínas em relação ao rejuvenescimento e ao envelhecimento sistêmico da pele." No entanto, eles ressaltam que ainda há um longo caminho a percorrer até que tais descobertas possam ser aplicadas em seres humanos.

Mitos

A ideia de que o sangue tem propriedades que podem reverter o envelhecimento e prolongar a vida não é nova; ela tem suas raízes em mitos antigos e contos sobre vampiros. Hoje, contudo, um número crescente de evidências científicas sugere que essas concepções podem ter um fundamento real. Pesquisas anteriores demonstraram que o envelhecimento não precisa ser irreversível: é possível reprogramar tecidos e órgãos para retardar ou até mesmo reverter parcialmente seus efeitos, ao menos em modelos animais.

O crescente interesse do público e da mídia no tema também foi impulsionado por casos curiosos, como o do bilionário Bryan Johnson, magnata do Vale do Silício, que há dois anos realiza transfusões de sangue de seu filho de 17 anos, na tentativa de reverter o envelhecimento biológico de seus órgãos, com o objetivo de manter a saúde deles como se fosse a de um adolescente. Embora o procedimento seja polêmico e cause controvérsias, ele exemplifica como o interesse pelo rejuvenescimento por meio do sangue jovem vai além das pesquisas científicas.

De acordo com os cientistas, a pele é um tecido especialmente relevante para o estudo do envelhecimento, pois seus primeiros sinais de deterioração são facilmente visíveis e refletem a saúde geral do organismo. Com o envelhecimento da população mundial, entender como manter os órgãos e tecidos em bom funcionamento por mais tempo se torna uma prioridade crescente para a medicina e a biotecnologia.

Além de suavizar as rugas e melhorar a aparência da pele, pesquisas como essa podem pavimentar o caminho para intervenções que diminuam os riscos de doenças relacionadas à idade, promovendo uma vida adulta mais saudável e vigorosa. "O envelhecimento é um processo complexo, que está por trás de diversas doenças associadas à idade, e poucas abordagens holísticas conseguem reverter de forma significativa seus sinais", afirmam os pesquisadores.

Embora seja cedo para aplicar essas descobertas em tratamentos terapêuticos ou estéticos, o estudo reforça o potencial do sangue jovem como uma ferramenta crucial para entender os mecanismos biológicos do envelhecimento e, no futuro, possibilitar o desenvolvimento de estratégias seguras e eficazes para preservação da saúde e rejuvenescimento celular.

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