Planeta dos Macacos: primatas falantes seriam possíveis do ponto de vista anatômico (Divulgação)
Marina Demartini
Publicado em 12 de dezembro de 2016 às 16h05.
Última atualização em 12 de dezembro de 2016 às 16h48.
São Paulo – Macacos falantes podem ser um fruto apenas da ficção científica. Mas pesquisadores americanos e austríacos descobriram que Macaca (um gênero de primata que vive na Ásia e na África) teria a capacidade de falar como seres humanos. Isso porque os animais têm a anatomia necessária para a fala.
Para chegar a esse resultado, os cientistas usaram vídeos de raio-x que capturaram os movimentos de diferentes partes da anatomia vocal do macaco, como língua, lábios e laringe.
A escolha por essas partes do rosto está relacionada à maneira como as pessoas falam, disse em um comunicado Asif Ghazanfar, coautor do estudo. Ele explica que o discurso humano tem origem no som produzido pela laringe e que ele é modificado pela boca e pelos lábios. "As palavras 'bat' (morcego) e 'bot' (robô) têm o mesmo som como fonte, mas ele é alterado pela anatomia facial para gerar o som diferenciado que ouvimos."
Depois, os pesquisadores conectaram os grunhidos dos macacos a um modelo computacional que simula o alcance vocal do primata a partir dos dados registrados pelo raio-x. O clipe de áudio gerado pelo computador mostrou como um macaco soaria se tentasse falar como um ser humano. Você pode ouvi-lo neste link.
Baseados nesses áudios, os cientistas notaram que os primatas poderiam produzir sons de vogais e até frases completas com seu trato vocal. “Agora, ninguém pode dizer que o que impede os macacos de falar é a sua anatomia vocal”, afirma Ghazanfar.
Os resultados sugerem que a fala humana decorre principalmente da evolução do cérebro. “A pergunta que resta ser respondida é o que o cérebro humano tem que o torna especial”, diz o cientista.
Além disso, o fato de um gênero antigo como Macaca ter um trato vocal semelhante ao humano também insinua que os chimpanzés (intimamente ligados aos seres humanos) também tenham a capacidade de falar.
Laurie Santos, pesquisadora da Universidade de Yale, disse em comunicado que, se isso for verdade, estudar o cérebro do chimpanzé poderia ajudar a revelar quais são as redes neurais que permitem que as pessoas falem.