Ciência

Estudo revela que crianças pobres envelhecem mais rápido do que as de famílias ricas

Estudo do Imperial College London mostra que o envelhecimento precoce em crianças está ligado à desigualdade socioeconômica

Crianças de famílias mais pobres envelhecem mais rápido devido ao estresse e a fatores socioeconômicos (Cristiano Mariz/Getty Images)

Crianças de famílias mais pobres envelhecem mais rápido devido ao estresse e a fatores socioeconômicos (Cristiano Mariz/Getty Images)

Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 9 de junho de 2025 às 14h35.

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A desvantagem econômica pode ter impactos duradouros na saúde de uma criança, com efeitos que vão além do ambiente social e econômico. Um estudo realizado por pesquisadores do Imperial College London, com mais de 1.000 crianças europeias, encontrou evidências de que o status socioeconômico influencia o envelhecimento biológico das crianças.

Segundo a pesquisa, as crianças provenientes de famílias com menor poder aquisitivo têm telômeros mais curtos, um biomarcador já reconhecido para o envelhecimento celular.

O estudo, publicado na revista Lancet eBioMedicine, analisou dados de crianças de 6 a 11 anos, coletados em seis países europeus, e identificou uma relação clara entre a pobreza e o encurtamento dos telômeros.

Este fenômeno pode indicar que crianças de famílias mais pobres iniciam um processo de envelhecimento biológico mais rápido, o que as coloca em maior risco de doenças crônicas e até mesmo de uma vida mais curta, se comparadas às crianças de famílias mais abastadas.

A pesquisa sugere que este imprint biológico precoce pode ter consequências a longo prazo na saúde dos indivíduos, o que enfatiza a necessidade de políticas públicas de saúde que busquem reduzir as desigualdades desde os primeiros anos de vida. A análise foi a maior até hoje a investigar o impacto do status socioeconômico na trajetória de envelhecimento de crianças.

Condição econômica x comprimento dos telômeros

Os telômeros, que protegem as extremidades dos cromossomos, são fundamentais para a manutenção da saúde celular. O estudo concluiu que a condição econômica das famílias está diretamente ligada ao comprimento dos telômeros, com crianças de famílias mais ricas apresentando telômeros 5% mais longos do que as de famílias de baixa renda. Este fator pode estar relacionado a uma maior exposição a estressores ambientais e sociais, que podem afetar negativamente a saúde.

Para os pesquisadores, estas descobertas reforçam a urgência de mudanças nas políticas de saúde pública, visando um ambiente mais igualitário para as futuras gerações, protegendo o desenvolvimento e a saúde a longo prazo das crianças.

O estudo também levanta questões sobre o impacto do estresse crônico em famílias de baixa renda, que pode ser uma das causas para o encurtamento dos telômeros. Fatores como o compartilhamento de ambientes familiares apertados, a falta de acesso a recursos educacionais e o aumento de situações estressantes no dia a dia podem contribuir para esse processo biológico.

A pesquisa foi financiada pelo UK Research and Innovation (UKRI) e pela Comissão Europeia, com o apoio de outras entidades, e pode abrir caminho para novas estratégias em políticas públicas que promovam a equidade na saúde desde a infância.

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