Ciência

Estudo revela por que a maconha prejudica a memória

A ciência finalmente desvendou por que a maconha atrapalha tanto na hora de lembrar das coisas

Maconha: ninguém sabia explicar exatamente o que causava esse curto-circuito (OpenRangeStock/Thinkstock)

Maconha: ninguém sabia explicar exatamente o que causava esse curto-circuito (OpenRangeStock/Thinkstock)

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Da Redação

Publicado em 18 de novembro de 2016 às 11h18.

Última atualização em 6 de dezembro de 2016 às 10h14.

Um novo estudo publicado na Nature acredita que conseguiu explicar, pela primeira vez, por que é difícil lembrar das coisas para quem fuma maconha.

A cannabis afeta a memória de curto prazo, impedindo que essas lembranças sejam solidificadas no cérebro. O efeito é temporário: parando de usar, o processo de armazenamento de informações volta ao normal rapidamente. O problema é que ninguém sabia explicar exatamente o que causava esse curto-circuito.

A mais nova descoberta mostra que as mitocôndrias são as responsáveis por esse bug cerebral. Para quem precisa de um lembrete das aulas de biologia da escola, mitocôndrias são organelas que ficam dentro de todas as nossas células. Sua função é prover energia através da respiração celular.

Para conseguir causar a “brisa” e os demais efeitos da cannabis, o THC, princípio ativo da maconha, se “prende” aos receptores de canabinoides que temos nos nossos neurônios.

Essa ligação vai acontecendo em todo o sistema nervoso. O que os cientistas não sabiam é que as mitocôndrias também têm receptores de THC nas suas membranas. Ou seja: mitocôndrias também ficam chapadas e isso afeta a energia produzida nos seus neurônios.

O Instituto Neurocentre Magendie, na França, desenvolveu um estudo com ratinhos para analisar esse fenômeno. Os animais foram acostumados com um labirinto até saber percorrê-lo de cor.

Depois, os pesquisadores injetaram THC no hipocampo dos ratos, região responsável pela memória. Quando os ratos chapados voltaram ao labirinto, agiram como se nunca tivessem estado lá antes.

Depois, os cientistas repetiram o experimento com ratos geneticamente modificados para não ter receptores de THC em suas mitocôndrias – e o defeito na memória deles não ocorreu.

Levando essas mitocôndrias para as placas de Petri, eles notaram que o THC interrompia o sistema de transporte de elétrons, que é uma etapa essencial no processo de produção de energia que ocorre dentro das mitocôndrias.

Os neurônios do hipocampo, com as mitocôndrias prejudicadas, começavam a se comunicar menos entre si e, por isso, formavam menos memórias.

A mini-amnésia causada pela maconha é como se fosse, então, um regime de racionamento de energia que os neurônios adotam para conseguir manter sua atividade normal.

Então, se você for do tipo que tem certeza que descobriu o significado da vida, do Universo e tudo o mais, tenha papel e caneta em mãos – ou então nem do número 42 você vai lembrar.

*Esta matéria foi originalmente publicada na Superinteressante.

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