Ciência

Estudo indica que distanciamento social pode durar até 2022

A pesquisa publicada na revista Science avalia cenários possíveis sobre a imunidade humana contra o novo coronavírus

Isolamento social: medidas devem continuar a acontecer até 2022 em maior ou menor grau (Rupak De Chowdhuri/Reuters)

Isolamento social: medidas devem continuar a acontecer até 2022 em maior ou menor grau (Rupak De Chowdhuri/Reuters)

Lucas Agrela

Lucas Agrela

Publicado em 15 de abril de 2020 às 09h39.

Última atualização em 15 de abril de 2020 às 22h36.

Um novo estudo liderado por especialistas da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, indica que as estratégias de distanciamento social podem precisar ser adotadas globalmente até 2022 para conter a disseminação do novo coronavírus, que ainda não tem tratamento clínico ou vacina comprovadamente eficazes para combatê-lo.

Publicada na revista científica Science, a pesquisa simulou uma série de cenários em relação à evolução do contágio do novo coronavírus.

Considerando que a imunidade desenvolvida por humanos contra o vírus seja permanente, ele pode sumir dentro de cinco anos, em 2025. Com isso, a quarentena em países desenvolvidos, como os Estados Unidos, precisaria durar até meados de 2021. Após esse período, a abertura gradual deve ocorrer até o meio de 2022.

No cenário em que a imunidade para o novo coronavírus seja de um ano, como acontece com outros vírus do mesmo grupo, todos os anos pode haver aumento de casos. Vale notar que a Organização Mundial da Saúde investiga casos de contágio de pessoas previamente infectadas pelo vírus. O estudo considera países de clima temperado, o que não abrange o Brasil. No entanto, o clima mais quente pode ter um impacto na redução da disseminação do vírus, mas ele ainda não é o suficiente para ser significativo no número de casos de contágio e internações.

O estudo estima que cada pessoa infectada pelo novo coronavírus pode contagiar outras três pessoas. Essa taxa de transmissão é mais alta do que a de outros coronavírus, que tinha potencial de infecção de duas pessoas a cada caso.

Em relação às medidas de distanciamento social, o estudo estima que a redução de novos contágios a cada pessoa infectada seja de até 60%. O cenário abrange fechamento de comércio e escolas e aglomerações em geral.

“Intervenções adicionais, incluindo capacidade ampliada de cuidados críticos e uma terapêutica eficaz, melhorariam o sucesso do distanciamento intermitente e acelerariam a aquisição da imunidade do rebanho”, escrevem os pesquisadores.

Com fim abrupto da quarentena, os pesquisadores estimam que o pico de casos pode ser ainda maior do que se não tivessem sido tomadas medidas de distanciamento. O motivo é que isso levaria à exposição de um grande número de pessoas ainda vulneráveis à infecção pelo novo coronavírus.

O cenário em que a quarentena dura 20 semanas é o mais efetivo. Considerando uma efetividade moderada de isolamento, que reduz a multiplicação em casos a cada novo contágio de 20 a 40%, seria possível controlar os picos da covid-19.

Com mais dados sobre o comportamento do vírus em países como o Brasil, com clima tropical, e sobre a imunidade que o corpo humano pode desenvolver a ele, poderão ser adotadas medidas de distanciamento social intermitente, com aberturas e fechamentos do comércio e outros estabelecimentos.

“O distanciamento altamente eficaz poderia reduzir a incidência de SarS-CoV-2 o suficiente para tornar factível uma estratégia baseada em rastreamento de contatos e quarentena, como na Coreia do Sul e Cingapura”, dizem os pesquisadores.

As últimas notícias da pandemia do novo coronavírus

    Acompanhe tudo sobre:CoronavírusHarvardPesquisas científicas

    Mais de Ciência

    Cientistas criam "espaguete" 200 vezes mais fino que um fio de cabelo humano

    Cientistas conseguem reverter problemas de visão usando células-tronco pela primeira vez

    Meteorito sugere que existia água em Marte há 742 milhões de anos

    Como esta cientista curou o próprio câncer de mama — e por que isso não deve ser repetido