Ciência

Estudo prevê aumento de até 2 mil por cento em mortes por ondas de calor

A pesquisa analisou 20 países em quatro continentes e concluiu que o aumento na mortalidade deve ser maior próximo à linha do Equador

Ondas de calor: fenômeno é definido como ao menos dois dias consecutivos de temperaturas quentes anormais (Getty Images/AFP)

Ondas de calor: fenômeno é definido como ao menos dois dias consecutivos de temperaturas quentes anormais (Getty Images/AFP)

R

Reuters

Publicado em 31 de julho de 2018 às 19h22.

Última atualização em 31 de julho de 2018 às 19h22.

Nova York - O número de mortos por ondas de calor pode aumentar em até 2 mil por cento em algumas partes do mundo até 2080, de acordo com um estudo divulgado nesta terça-feira, conforme grandes partes do hemisfério norte são afetadas por temperaturas anormalmente altas.

Cientistas há tempos alertam que as mudanças climáticas irão provocar mais condições meteorológicas extremas em todo o globo, de ondas de calor a furacões.

Os pesquisadores do estudo mais recente dizem que este é o maior até o momento sobre o número de mortos por ondas de calor, que, segundo eles, irão aumentar em frequência e gravidade.

"Ondas de calor futuras serão em especial mais frequentes, mais intensas e irão durar muito mais", disse Yuming Guo, professor associado da Universidade Monash, na Austrália, em comunicado.

"Se não pudermos encontrar uma maneira de mitigar as mudanças climáticas e ajudar as pessoas a se adaptarem às ondas de calor, haverá um grande aumento de mortes relacionadas a ondas de calor no futuro."

Ondas de calor passando pelo hemisfério norte dominaram os noticiários nas semanas recentes, com dezenas de mortes registradas do Japão ao Canadá.

O estudo, publicado na revista LOS Medicine, analisou 20 países em quatro continentes e concluiu que o aumento na mortalidade deve ser maior próximo à linha do Equador.

A Colômbia, mais atingida, pode sofrer 2 mil por cento mais mortes prematuras de calor extremo durante o período de 2031 a 2080, comparado com o de 1971 a 2010, segundo o estudo.

As Filipinas e o Brasil também devem ter grandes aumentos nos números de mortes prematuras, de acordo com o estudo.

Países localizados mais longe do Equador, como Estados Unidos e nações europeias, terão aumentos menores.

No entanto, mesmo sob os melhores cenários - nos quais emissões de aquecimento do planeta foram contidas e aumentos populacionais são baixos - mortes irão aumentar, de acordo com o estudo.

Durante ondas de calor, definidas como ao menos dois dias consecutivos de temperaturas quentes anormais, o corpo não consegue dissipar o calor, deixando especialmente adultos mais velhos em risco de sofrerem condições médicas como ataques cardíacos.

Com base em dados históricos, os pesquisadores usaram modelos climáticos para estimar temperaturas futuras.

Eles disseram que a conclusão do estudo destacou a necessidade de tomar medidas agora para evitar uma crise de saúde pública no futuro.

Medidas para mitigar os efeitos do calor podem incluir abertura de centros de resfriamento e pinturas brancas em telhados para refletir a luz e manter casas mais resfriadas.

Acompanhe tudo sobre:MortesMudanças climáticasPesquisas científicas

Mais de Ciência

Telescópio da Nasa mostra que buracos negros estão cada vez maiores; entenda

Surto de fungos mortais cresce desde a Covid-19, impulsionado por mudanças climáticas

Meteoro 200 vezes maior que o dos dinossauros ajudou a vida na Terra, diz estudo

Plano espacial da China pretende trazer para a Terra uma amostra da atmosfera de Vênus