Ciência

Estudo mostra que galinha atual é símbolo do impacto do homem na natureza

"Produzimos uma nova forma de animal em décadas, quando geralmente são necessários milhões de anos", diz pesquisadora

Animais: existem 23 bilhões de galinhas no mundo, o triplo de todas as espécies de aves selvagens (Rodolfo Buhrer/Reuters)

Animais: existem 23 bilhões de galinhas no mundo, o triplo de todas as espécies de aves selvagens (Rodolfo Buhrer/Reuters)

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AFP

Publicado em 12 de dezembro de 2018 às 10h29.

O ser humano alterou completamente a morfologia das galinhas de criação em apenas algumas décadas, algo que se manifesta em corpos enormes, patas deformadas ou corações enfraquecidos, afirma um estudo publicado na revista Royal Society Open Science.

"A galinha de criação moderna é irreconhecível em comparação com seus ancestrais ou seus congêneres selvagens", explica à AFP Carys Bennett, da Universidade de Leicester, na Inglaterra, coautora da pesquisa, que destaca "o esqueleto superdimensionado, uma composição química dos ossos e uma genética distintas".

Oriundo do sudeste asiático, a animal foi domesticado há quase 8.000 anos, mas foi apenas a partir dos anos 1950, com a busca por ritmos de crescimento mais elevados, que começaram a formar uma nova espécie morfológica, aponta o estudo.

"Bastaram algumas décadas para produzir uma nova forma de animal, quando geralmente são necessários milhões de anos", afirmou Jan Zalasiewicz, também da Universidade de Leicester e coautor do estudo.

Apreciada por sua carne e seus ovos, a galinha é a carne mais consumida do mundo na atualidade: Hoje, o mundo tem 23 bilhões. "A massa total de galinhas domésticas é o triplo de todas as espécies de aves selvagens reunidas", destaca Carys Bennett.

Embora alimentem boa parte da humanidade, as galinhas de criação também representam um bom exemplo da forma como nós modificamos os organismos vivos que se desenvolvem na Terra e "um marcador potencial do Antropoceno", o período atual, marcado pela influência do homem nos processos terrestres, destacam os pesquisadores.

"Uma evolução trágica se consideramos as consequências para estas aves", afirma Carys Bennett.

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