O estudo, publicado no periódico científico Diabetes Care, analisou dados de 30 crianças de hospitais de Londres (Kim Kyung-Hoon/Reuters)
Reuters
Publicado em 19 de agosto de 2020 às 07h50.
Os casos de diabetes tipo 1 em crianças vistos em um estudo pequeno do Reino Unido quase dobraram durante o pico da epidemia britânica de Covid-19, o que sugere uma ligação possível entre as duas doenças que precisa de mais investigação, disseram cientistas nesta terça-feira.
Embora o estudo se baseie somente em um punhado de casos, ele é o primeiro a relacionar a Covid-19 e a diabetes tipo 1 em crianças, e os médicos devem ficar atentos, disseram pesquisadores do Imperial College de Londres.
"Nossa análise mostra que, durante o pico da pandemia, o número de casos novos de diabetes tipo 1 em crianças foi anormalmente alto em dois dos hospitais (que estudamos) na comparação com anos anteriores", disse Karen Logan, coautora do estudo.
"Quando investigamos mais, algumas destas crianças tinham coronavírus ativo ou já haviam sido expostas ao vírus."
Logan disse que relatos anteriores da China e da Itália mostraram que crianças estavam sendo diagnosticadas com diabetes tipo 1 em hospitais durante a pandemia.
O estudo, publicado no periódico científico Diabetes Care, analisou dados de 30 crianças de hospitais de Londres diagnosticadas com diabetes tipo 1 durante o primeiro pico da pandemia --aproximadamente o dobro dos casos vistos no mesmo período em anos anteriores.
Vinte e uma das crianças tiveram resultados positivos de Covid-19 ou passaram por exames de anticorpos para se determinar se haviam sido expostas ao vírus, e cinco foram diagnosticadas com infecções do novo coronavírus.
A diabetes tipo 1 causa a destruição de células pancreáticas produtoras de insulina, o que impede o corpo de produzir insulina suficiente para controlar os níveis de açúcar no sangue. A equipe do Imperial College disse que uma explicação possível é que o peplômero do novo coronavírus pode atacar células do pâncreas que produzem insulina.
"É preciso pesquisar mais para se determinar se existe um elo definitivo... mas, enquanto isso, esperamos que os clínicos o levem em conta", disse Logan.