Ciência

Estudo indica que supressão imunológica pode funcionar contra covid-19

A pesquisa foi feita com modelos matemáticos do coronavírus e não é conclusiva

Coronavírus: imagem mostra vírus atacando células humanas  (Flickr/Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos/Divulgação)

Coronavírus: imagem mostra vírus atacando células humanas (Flickr/Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos/Divulgação)

Lucas Agrela

Lucas Agrela

Publicado em 4 de maio de 2020 às 14h38.

Última atualização em 4 de maio de 2020 às 15h40.

Um novo estudo feito pela americana Universidade Califórnia do Sul, com apoio do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos, sugere que a supressão temporária do sistema imunológico em humanos pode ajudar pacientes com a covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, a evitar o desenvolvimento de sintomas graves.

Publicado no site do periódico científico Journal of Medical Virology, o estudo comparou o comportamento do corpo humano infectado pelo novo coronavírus e pelo vírus da gripe comum. O trabalho também mostra que o coronavírus pode causar uma resposta exagerada do sistema imunológico em alguns pacientes.

Medicamentos que podem reduzir a ação do sistema imunológico, como a hidroxicloroquina, estão sendo testados contra a covid-19.  

Os pesquisadores afirmam no estudo que o sistema imune atua em duas etapas contra o coronavírus. Primeiro, entra em ação a resposta inata, logo que o vírus é detectado. Ela mata as células infectadas. Dias depois, a resposta adaptativa do sistema imunológico entra em ação de forma mais eficiente, após ter coletado mais informações sobre o vírus e como detê-lo.

No caso do vírus da gripe, que tem ação rápida, o sistema imunológico consegue eliminá-lo com a primeira resposta ao contágio, uma vez que o vírus fica sem novas células para atacar e se replicar dentro de dois a três dias. O novo coronavírus age de forma mais lenta e, por isso, são necessárias duas etapas de resposta do organismo para contê-lo. Por conta desse processo, os pacientes com covid-19 podem ter melhora antes de sentirem sintomas mais severos da doença.

"Essa maior duração da atividade viral pode levar a uma reação exagerada do sistema imunológico, chamada tempestade de citocinas, que mata células saudáveis, causando danos aos tecidos", diz Weiming Yuan, professor associado do Departamento de Microbiologia Molecular e Imunologia da Escola de Medicina Keck da USC e um dos autores do estudo.

O estudo, que foi feito com base em um modelo matemático dos vírus, propõe um regime de curta duração de supressão do sistema imunológico para que os pacientes se recuperem mais rapidamente. A ideia é evitar a tempestade de citocinas ao adiar a atuação da resposta adaptativa do sistema imunológico, deixando a resposta inata, mais veloz, eliminar as células infectadas.

Para provar que a conclusão do estudo americano é verdadeira, serão necessários mais estudos científicos a respeito da carga viral de pacientes com covid-19, além de testes com animais.

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