Coronavírus: imunidade contra a doença ainda não é um consenso (BlackJack3D/Getty Images)
Tamires Vitorio
Publicado em 7 de janeiro de 2021 às 08h27.
Última atualização em 7 de janeiro de 2021 às 14h32.
Por quanto tempo um indivíduo está imune contra o novo coronavírus após uma infecção? Ainda não há um consenso na ciência sobre o fato, mas um estudo publicado no jornal científico Science indica que a imunidade, no fim das contas, pode durar mais do que o imaginado.
Segundo os cientistas da Universidade de San Diego e do Instituto La Jolla de Imunologia, os pacientes recuperados da covid-19 podem ter uma imunidade robusta por até oito meses, ou até mesmo anos, sugerindo que a reinfecção é somente um problema para uma pequena parcela da população que já desenvolveu uma imunidade contra o vírus – seja ela induzida pela infecção ou por vacinação.
O estudo vai contra outro publicado recentemente, que apontava que a imunidade não era duradoura. A nova pesquisa, no entanto, mostra que apenas um número pequeno de pessoas que tiveram quadros de SARS-CoV-2 não a desenvolvem e, para esses pacientes, bem como para a população geral, a vacina deve acabar com o problema.
Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores analisaram amostras sanguíneas de 185 homens e mulheres que se recuperaram da covid-19, sendo que a maioria teve quadros leves, e apenas 7% foram hospitalizados.
As amostras foram coletadas em períodos de seis dias e oito meses após o início dos sintomas.
Foram medidos os níveis de anticorpos (que têm a função de neutralizar a atividade de um patógeno), células B (que criam os anticorpos) e células T (que matam as células infectadas) no organismo de 73 voluntários.
Foi observado que os níveis de anticorpos reduziram moderadamente após oito meses, variando entre as pessoas, sendo que o número de células B teve uma redução muito menor – até mesmo crescendo em alguns casos.
Ainda é muito cedo para afirmar quanto tempo dura exatamente a imunidade contra a covid-19, uma vez que o vírus está afetando a humanidade somente há pouco mais de um ano e que pessoas imunocomprometidas podem ter alterações relevantes nos níveis de anticorpos. No entanto, o estudo confirma: com a vacinação da população mundial, a pandemia pode estar com os dias contados.