Dinossauros: estudo relata a possibilidade de DNA de animal ter sido encontrado (Australian Age of Dinosaurs Museum of Natural History/Divulgação)
Maria Eduarda Cury
Publicado em 18 de abril de 2020 às 07h01.
Última atualização em 18 de abril de 2020 às 07h01.
Em um estudo publicado pela Academia Chinesa de Ciências, a pesquisadora Alida Bailleul e seus companheiros de equipe divulgaram que podem ter encontrado partes de DNA em um fragmento de cartilagem do crânio de um dinossauro conhecido como Hypacrosaurus, que existiu há mais de 70 milhões de anos atrás.
O fóssil é pequeno, mas pode conter restos de DNA de dinossauros que nunca haviam sido descobertos. O material genético traz evidências de proteínas originais e células criadoras de cartilagem e, além disso, uma assinatura química que é consistente com o DNA.
Um material genético tão antigo é considerado uma raridade. De acordo com os cientistas, o DNA de dinossauros não-aviários, que é o caso deste animal, pode fornecer informações inéditas e ricas sobre a biologia dos dinossauros. A descoberta, além disso, pode atestar que material genético de dezenas de milhões de anos atrás ainda pode ser detectado. Entretanto, os cientistas ressaltam que mais estudos ainda são necessários.
Caso sejam confirmadas, as descobertas de Bailleul podem significar que é possível descobrir muito mais sobre os seres antigos. "Acho que a preservação excepcional é realmente mais comum do que pensamos, porque, como pesquisadores, ainda não examinamos um número de fósseis suficientemente grande. Nós devemos continuar procurando", disse a pesquisadora no estudo.
Paralelamente, uma equipe da Universidade de Princeton conseguiu identificar micróbios dentro de um fragmento de um Centrosaurus, que tem idade similar ao hipacrosauro. Essa e outras descobertas indicam que comunidades bacterianas podem estar presentes em DNAs de milhões de anos, mas especialistas ainda não descobriram como um osso de dinossauro é capaz de manter os organismos.
"Ainda não descobrimos todos os mecanismos complexos da fossilização molecular usando a química. E não sabemos o suficiente sobre os papéis que os micróbios desempenham", diz Bailleul.
Apesar de diversas incógnitas, a pesquisadora reconhece que é importante levar em conta diversas formas de microorganismos que antes não eram conhecidas e que podem ser encontradas em ossos de dinossauros. Ela acredita, porém, que é improvável que as bactérias entrem na cartilagem e reproduzam seu núcleo.
A paleobiologia molecular está desenvolvendo, ainda, padrões de evidências e buscando pistas em ossos milenares. "Espero que muitos paleontólogos ou biólogos, ou ambos, também estejam tentando fazer isso. Podemos descobrir as respostas mais rapidamente se todos trabalharmos juntos nisso", completou Bailleul.
Ela conclui que a pesquisa não é conclusiva, mas que novos estudos podem comprovar sua hipótese: "Essas são perguntas muito difíceis. Mas se continuarmos tentando, há esperança de que possamos descobrir a maioria das respostas", disse a pesquisadora.