Câncer: pesquisadores descobrem forma de parar a reprodução do vírus (Ge Healthcare/Flickr)
Maria Eduarda Cury
Publicado em 3 de junho de 2019 às 11h01.
São Paulo - Uma pesquisa realizada por cientistas da Escola de Medicina da Universidade Wake Forest, dos Estados Unidos, descobriu uma possível estratégia terapêutica para tratar infecções virais e melhorar a imunidade em relação ao câncer.
Publicado na edição online da revista acadêmica Cell, a pesquisa descobriu que, ao impulsionar a produção do Interferon tipo 1, o corpo passa a responder melhor às tentativas internas de expulsar a contaminação e sua imunidade é restaurada. Isso foi possível através da identificação de um sensor envolvido no cancelamento da produção de interferon no organismo animal.
O Interferon é uma proteína gerada por leucócitos e fibroblastos e serve para impedir que contaminações como fungos, vírus e tumores se multipliquem no organismo dos ratos - animal utilizado no estudo. Além disso, também auxiliam o sistema imunitário a batalhar contra as células cancerígenas e retardar o crescimento destas.
Hui-Kuan Lin, professor de biologia cancerígena da Universidade Wake Forest, é o principal nome por trás do estudo. Lin e sua equipe descobriram que receptores do tipo RIG-I - que servem para reconhecer padrões intracelulares relacionados aos vírus - intervinham na produção de Interferon.
Também foi constatado que a glicólise, primeiro passo para a quebra da glicose e retirar energia para o funcionamento do metabolismo celular, não ocorria enquanto os receptores estavam ativados. Os Interferons do tipo I, que são produzidos por quase todos os tipos de células, tiveram um papel vital na defesa contra infecções virais e na vigilância do câncer.
A partir de abordagens farmacológicas e genéticas, os cientistas mostraram que a redução do lactato - composto orgânico - pela inativação da lactato desidrogenase A - enzima que realiza a glicólise - aumentou a produção de Interferon tipo I para proteger da infecção viral em camundongos.
A equipe de Lin planeja realizar estudos adicionais em outros modelos animais, e partir para possíveis ensaios clínicos.