Ciência

Estudo do Brasil identifica remédio com eficácia de 94% contra coronavírus

Medicamento de baixo custo teve resultados positivos nos exames em laboratório feitos no Brasil e agora será testado em pacientes humanos

Teste em laboratório: pesquisadores brasileiros identificaram medicamento com alta capacidade de reduzir a replicação do vírus (Lucas Landau/Reuters)

Teste em laboratório: pesquisadores brasileiros identificaram medicamento com alta capacidade de reduzir a replicação do vírus (Lucas Landau/Reuters)

FS

Filipe Serrano

Publicado em 15 de abril de 2020 às 15h34.

Última atualização em 16 de abril de 2020 às 16h07.

Pesquisadores brasileiros irão começar os testes em pacientes de um medicamento que, nos testes in vitro, demostrou ter 93,4% de eficácia em combater a infecção causada pelo novo coronavírus Sars-Cov-2. A informação foi divulgada nesta quarta-feira, 15, pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações (MCTIC).

Segundo o Ministério, serão testados cerca de 500 pacientes em cinco hospitais militares no Rio de Janeiro, em um hospital em São Paulo e em um hospital em Brasília.

O nome do medicamento é mantido em sigilo para evitar uma corrida às farmácias. Segundo o MCTIC, se trata de um medicamento já conhecido e comercializado. Ele tem baixo custo e é encontrado amplamente em todo o território brasileiro. O medicamento também não causa efeitos colaterais graves, ao contrário de outros remédios em estudo contra o novo coronavírus, de acordo com o ministério.

"Temos boas perspectivas que os resultados dessa pesquisa possam ser positivos e assim poderemos ajudar não só o Brasil, como outros países no combate à covid-19", disse o ministro Marcos Pontes, do MCTIC, em comunicado.

A pesquisa sobre o novo medicamento foi retratada em uma reportagem da edicão mais recente da EXAME. Cientistas do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), em Campinas, utilizaram um método conhecido como "acoplamento molecular" (ou molecular docking) para simular em computador a interação de moléculas de medicamentos com as proteínas do novo coronavírus.

Mais de 2.000 medicamentos foram testados nesta simulação e seis remédios apresentaram resultados promissores, sendo que dois deles reduziram significativamente a replicação viral e, segundo os pesquisadores, tinham maior viabilidade comercial de serem usados no tratamento contra a covid-19.

Os medicamentos então foram testados em laboratório, para analisar como as células tratamas com o medicamento se comporta na presença do vírus. De acordo com o MCTIC, a Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP) deu autorização na terça-feira, 14, para o início dos testes clínicos do medicamento.

"A expectativa é que os testes clínicos que serão conduzidos por nossos parceiros na Rede Vírus MCTIC gerem dados robustos e positivos", diz Rafael Elias, pesquisador do CNPEM que participa do estudo. "Assim como toda a sociedade, esperamos que os resultados muito promissores encontrados nas pesquisas do CNPEM, in silico e in vitro, sejam confirmados nos testes clínicos, combatendo a doença dos pacientes."

As últimas notícias da pandemia do novo coronavírus

Acompanhe tudo sobre:CoronavírusEXAME-no-InstagramMinistério de Ciência e TecnologiaPesquisas científicasRemédios

Mais de Ciência

Há quase 50 anos no espaço e a 15 bilhões de milhas da Terra, Voyager 1 enfrenta desafios

Projeção aponta aumento significativo de mortes por resistência a antibióticos até 2050

Novo vírus transmitido por carrapato atinge cérebro, diz revista científica

Por que a teoria de Stephen Hawking sobre buracos negros pode estar errada