Ciência

Estudo diz que lopinavir e ritonavir não são eficazes contra covid-19

Medicamento combinado não apresenta diferença no tratamento de pacientes, afirmam cientistas

 (SERGII IAREMENKO/SCIENCE PHOTO LIBRARY/Getty Images)

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Maria Eduarda Cury

Publicado em 5 de outubro de 2020 às 19h30.

Última atualização em 6 de outubro de 2020 às 08h32.

Um novo estudo, publicado na revista científica The Lancet, reportou que o tratamento com a combinação das drogas lopinavir e ritonavir não é eficaz para o tratamento de pacientes com coronavírus.

O ensaio clínico se baseou na aprovação do medicamento antiviral que combinava as duas drogas, para o tratamento da doença. Com o resultado do estudo, os pesquisadores afirmam, porém, que essa aprovação deve ser revisada.

Martin Landray, professor do Departamento de Saúde da População de Nuffield da Universidade de Oxford, afirmou que a Organização Mundial da Saúde sugeriu a suspensão do tratamento após os resultados do estudo. “Desde que nossos resultados preliminares foram divulgados em 29 de junho de 2020, a Organização Mundial da Saúde suspendeu os grupos de tratamento com lopinavir-ritonavir envolvidos no estudo", disse Landray.

Os pacientes foram analisados entre os dias 19 de março e 29 de junho deste ano. 1.616 deles receberam a dose do remédio combinado, enquanto os outros 3.424 receberam o tratamento sem o remédio. 23% dos pacientes que foram tratados com lopinavir-ritonavir morreram dentre 28 dias, enquanto a porcentagem de mortes dos que não receberam o remédio foi de 22%.

Esses resultados comprovam que não existe uma grande diferença no tratamento com o remédio, além de não reduzir o tempo médio de internação dos pacientes em tratamento. Todos os indivíduos permaneceram internados por cerca de 11 dias, nos dois grupos.

Também não houve uma diferença significativa entre os subgrupos, se divididos por gênero, idade, sexo e etnia, de pacientes. Ainda de acordo com os autores, o tratamento também não é eficaz para os pacientes que necessitam de intubação nas vias aéreas, por também não representarem melhora em relação aos pacientes que não receberam o remédio.

Os pesquisadores acreditam que, embora o estudo possa se sustentar sozinho, ele é complementar a um estudo feito previamente pelo Hospital da Amizade China-Japão e da Universidade de Virgínia, nos Estados Unidos.

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