Ciência

Estudo descarta utilidade do remdesivir para covid-19; Casa Branca rebate

Já o laboratório Gilead apresentou outro ensaio clínico, realizado com a rede de Institutos Americanos de Saúde, com "resultados positivos" do remédio

Remédio: diversas drogas são testadas em vários países para o uso contra o coronavírus (REB Images/Getty Images)

Remédio: diversas drogas são testadas em vários países para o uso contra o coronavírus (REB Images/Getty Images)

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AFP

Publicado em 29 de abril de 2020 às 20h00.

Última atualização em 29 de abril de 2020 às 20h00.

O medicamento remdesivir da Gilead "não tem nenhum benefício clínico significativo" contra a covid-19, segundo um estudo publicado nesta quarta-feira (29) pela revista médica The Lancet, que contradiz as afirmações do laboratório farmacêutico americano.

"O tratamento com remdesivir não acelera a cura nem reduz a mortalidade relacionada à COVID-19 em relação ao placebo", segundo este estudo realizado na China.

No entanto, o médico que lidera a resposta dos Estados Unidos à crise sanitária, Anthony Fauci, rebateu o estudo também nesta quarta-feira, na Casa Branca, afirmando que um novo e importante estudo mostra que o remdesivir tem um efeito "claro" no tratamento de pessoas com casos graves de covid-19

Fauci disse que "os dados mostram que o remdesivir tem um efeito claro, significativo e positivo na diminuição do tempo de recuperação".

Isso prova "que um medicamento pode bloquear esse vírus". Fauci afirmou que o estudo chinês "não é um estudo adequado".

Mais cedo, o laboratório Gilead havia afirmado que outro ensaio clínico, realizado com a rede de Institutos Americanos de Saúde (NIH), havia produzido "resultados positivos".

Os resultados do estudo publicado na revista The Lancet já haviam sido divulgados em 23 de abril, após a breve publicação de seu resumo por engano no site da OMS, informou então o Financial Times.

"Não é o resultado que esperávamos, mas é preciso ter em mente que só pudemos contar com 237 pacientes de uma meta de 453, já que a epidemia já estava sob controle em Wuhan", afirmou o doutor Bin Cao, principal responsável pelo estudo, em um comunicado na The Lancet.

Cao acredita que "outros estudos devem ser realizados para determinar se o tratamento anterior com remdesivir, em doses mais altas ou associado a outros antivirais ou anticorpos neutralizantes, poderia ser mais eficaz em pacientes em estados graves" da COVID-19.

O estudo foi realizado entre 6 de fevereiro e 12 de março em 10 hospitais de Wuhan, entre pacientes com pneumonia. 158 pacientes receberam doses diárias de remdesivir e 79 placebos, durante 10 dias.

O ensaio não mostrou nenhuma diferença significativa entre ambos os grupos do ponto de vista da melhora do estado clínico dos pacientes (21 dias em média no primeiro grupo contra 23 no segundo) nem da mortalidade (14% contra 13%)  nos 28 dias do estudo.

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