Ciência

Estrela que emite fumaça é descoberta na Via Láctea

Apelidadas de "velhas fumantes", os astros adquirem este tamanho e uma baixa temperatura superficial no final de sua vida

Os astrônomos apelidaram estas estrelas como "velhas fumantes" (Daniel Lawler/AFP Photo)

Os astrônomos apelidaram estas estrelas como "velhas fumantes" (Daniel Lawler/AFP Photo)

AFP
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Agência de notícias

Publicado em 26 de janeiro de 2024 às 15h40.

Um novo tipo de estrela, que permanece silenciosa durante longos períodos de tempo antes de exalar uma nuvem de fumaça, acaba de ser detectada pelos cientistas.

Apelidadas de "velhas fumantes", este tipo de estrela recém-descoberta está localizado no coração da Via Láctea, segundo um estudo publicado nesta sexta-feira, 26, no boletim mensal da Royal Astronomical Society.

São gigantes vermelhas, astros que no final de sua vida adquirem este tamanho e uma baixa temperatura superficial.

Por sua cor pálida e avermelhada, "às vezes não é possível vê-las", explica Dante Minniti, da Universidade Andrés Bello, em um comunicado.

A equipe internacional de cientistas por trás desta descoberta estava buscando por estrelas no final de suas vidas, ao longo de 10 anos de pesquisa, nos quais foram analisadas centenas de milhões de estrelas utilizando o telescópio VISTA, localizado no Chile.

Buscavam por estrelas recém-nascidas, chamadas protoestrelas, que são propensas a erupções frequentes e exuberantes.

A investigação detectou 32 protoestrelas, "o maior número encontrado até agora em apenas um grupo", disse o astrofísico Philip Lucas, professor da Universidade de Hertfordshire, no Reino Unido, e principal autor de um novo estudo.

Entretanto, em segundo plano, encontraram esta "agradável surpresa", uma exalação que não havia sido detectada até agora, acrescenta ele.

"Não entendemos completamente"

"As velhas fumantes" estavam situadas perto do centro da Via Láctea, uma região densamente povoada e rica em metais chamada Nuclear Stellar Disc (Disco Estelar Nuclear).

"O surpreendente desta nova descoberta é que estamos vendo estrelas que estavam ali sem fazer nada", disse Lucas.

Posteriormente, estes astros, de forma abrupta, tornaram-se entre 40 e 100 vezes mais fracos, por vezes tão finos que a visão infravermelha do telescópio mal conseguia detectá-los.

Alguns anos mais tarde, aparentemente sem aviso, voltaram ao brilho anterior.

"Tudo o que conseguimos descobrir sobre eles sugere que se trata de estrelas soltando fumaça, por razões que não entendemos completamente", acrescentou o astrofísico.

Acredita-se que estas nuvens de fumaça ocultem temporariamente as estrelas de nossa visão.

Segundo Lucas, existem muitos outros "elementos pesados" — qualquer coisa mais pesada que o hidrogênio e o hélio — nesta região da galáxia, que poderiam criar mais poeira na atmosfera da estrela.

Os componentes deste pó permanecem sendo um mistério, entretanto, se esta teoria estiver correta, então a quantidade de matéria ejetada por estas estrelas poderá desempenhar um papel significativo na forma como os elementos pesados são dispersos por toda a nossa galáxia e para além dela, disse Lucas, enfatizando que estas eram apenas suposições iniciais.

"Estamos pesquisando para ver o que tem mais sentido", disse.

Os pesquisadores encontraram pelo menos 21 "velhas fumantes", mas suspeitam que há muito mais delas.

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