O detector STAR do Laboratório Nacional de Brookhaven detectou os pares criados pela luz em colisão (Brookhaven National Laboratory/Reprodução)
Laura Pancini
Publicado em 21 de agosto de 2021 às 08h00.
Quem nunca ouviu falar de E=mc²? Se já não escutou na sala de aula, com certeza já deve ter visto alguma referência a mais famosa equação de Albert Einstein.
Recentemente, pesquisadores do Laboratório Nacional de Brookhaven, em Nova York, fizeram uma demonstração impressionante da equação ao criar matéria a partir da luz pura pela primeira vez.
A equação do físico alemão mostra a transformação da massa de um objeto em energia e vice-versa: E (energia) é igual a massa (m) multiplicada pela velocidade da luz (c) ao quadrado.
Ela também demonstra que, ao esmagar dois fótons suficientemente energéticos (ou partículas de luz) um contra o outro, é possível criar matéria na forma de um elétron e de sua antipartícula, o pósitron.
Este processo foi testado pela primeira vez pelos físicos americanos Gregory Breit e John Wheeler em 1934, mas tem sido difícil de observar na física - principalmente porque os fótons em colisão precisariam ser raios gama altamente energéticos, e a ciência ainda não conseguiu desenvolver lasers de raios gama.
Porém, os pesquisadores de Brookhaven pensaram que, em vez de acelerar os fótons diretamente, seria possível acelerar dois íons.
Os íons são núcleos atômicos desprovidos de seus elétrons e, portanto, carregados positivamente, além de se moverem muito perto da velocidade da luz. Isso faz com que eles entrem em um grande loop.
Dentro dos íons, existe um campo eletromagnético com fótons "virtuais", partículas que só surgem rapidamente nos campos reais das outras partículas.
Durante o experimento, as nuvens de fótons virtuais de cada íon se movem tão rápido que agem como se fossem reais, o que as faz colidir e produzir um par elétron-pósitron extremamente real.
A criação confirma essencialmente o que os físicos Breit e Wheeler tentaram descrever ao discutir a colisão de partículas de luz para criar pares de elétrons e pósitrons, em 1934.
Os pesquisadores analisaram mais de 6.000 pares de elétrons e elétrons realizando colisões de partículas para confirmar os resultados, que foram publicados no periódico científico Journal Physical Review Letters.