Ciência

Entidades criticam 'sabotagem' contra vacina

Grupo, que assina "Pacto pela Vida e Pelo Brasil", inclui Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)

Vacinação de crianças contra a covid-19. (Estado de São Paulo/Flickr)

Vacinação de crianças contra a covid-19. (Estado de São Paulo/Flickr)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 23 de janeiro de 2022 às 08h49.

Os presidentes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e de outras entidades criaram uma frente em prol da vacinação de crianças contra a covid-19 no País. O grupo, que assina um texto chamado "Pacto pela Vida e Pelo Brasil", criticou o que classifica como "circo da insensatez" as tentativas de desacreditar a imunização de crianças.

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"Não nos enganemos: a sociedade brasileira não vive dentro da bolha do negacionismo. Ela conhece muito bem a dura realidade, sente na pele os desafios, escuta o que diz a ciência e assim defenderá o direito à vacina infantil, contra o SARS-CoV-2", diz o texto divulgado na sexta-feira.

As entidades argumentam que não se pode aceitar a "campanha de sabotagem" em torno da vacinação pediátrica, "desprezando o direito à vida e à saúde de uma faixa etária com cerca de 69 milhões de brasileiros". "É disso que se trata, em flagrante desrespeito à Constituição e ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)", destaca o grupo.

'LUCIDEZ'

As entidades criticam ainda "declarações enganosas" de autoridades do governo, na "contramão" do que tem sido feito pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e pedem que os brasileiros formem um "cinturão de lucidez" do combate à pandemia - uma nota técnica do Ministério da Saúde afirma que "kit covid" é eficaz contra a doença, e vacina não.

A vacinação para crianças estimulou uma onda de ativismo de bolsonaristas contra o imunizante, como mostrou o Estadão em dezembro. Uma campanha de desinformação contra a vacina ganhou força após a Anvisa da aval à aplicação em crianças de 5 a 11 anos. Neste sábado, o presidente Jair Bolsonaro voltou a pôr em dúvida, sem apresentar provas, a imunização de crianças.

No documento, as entidades afirmam que o Brasil é reconhecido internacionalmente por seu programa de imunização, destacando que "gerações cresceram atendendo às convocações para vacinações diversas e assim foi possível controlar doenças que assombraram a população infantil e tantas famílias - entre elas, o sarampo e a poliomielite".

O texto é assinado por Dom Walmor Oliveira de Azevedo, da CNBB, Felipe Santa Cruz, da OAB, José Carlos Dias, da Comissão Arns, Luiz Davidovich, da Academia Brasileira de Ciências, Paulo Jeronimo de Sousa, da Associação Brasileira de Imprensa; e Renato Janine Ribeiro, da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência.

ELDORADO

Neste sábado, em Eldorado, Bolsonaro disse que diz ter conversado com o pai da criança de Lençóis Paulista que teve uma parada cardíaca cerca de 12 horas após receber a vacina da Pfizer na terça-feira. "O que ele falou para gente é preocupante", disse. "Foi a vacina ou não foi?", perguntou. O governo de São Paulo, porém, afirmou que a parada cardiorrespiratória foi causada por uma doença cardíaca rara que a família desconhecia e não teve relação com o imunizante. 

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