Fenômeno de bioluminescência, na praia de Itamambuca, em Ubatuba (Instagram @vidacaicara.uba/Reprodução)
Repórter
Publicado em 10 de março de 2025 às 10h07.
Última atualização em 10 de março de 2025 às 10h20.
Na noite desta sexta-feira, 7 de março, os moradores e turistas da Praia de Itamambuca, em Ubatuba (SP), foram surpreendidos por um cenário digno de um filme de fantasia: o mar iluminado por um intenso brilho azul fluorescente. Esse raro fenômeno é chamado de bioluminescência.
As imagens registradas por Leonardo Dantas, criador da conta Vida Caiçara no Instagram, revelam ondas brilhantes de um azul intenso iluminando a areia.
A bioluminescência ocorre pela presença de dinoflagelados do gênero Noctiluca. Esses microrganismos fazem parte do plâncton marinho e contêm luciferina, substância também encontrada em peixes e insetos luminosos, como os vaga-lumes.
A interação entre a enzima luciferase e a luciferina, na presença de oxigênio, gera o brilho característico. A tonalidade da luz varia conforme o tipo de luciferina presente, e sua função pode ser atrair parceiros ou afastar predadores.
Sendo unicelulares, as Noctiluca podem se multiplicar rapidamente em fenômenos chamados florações, que podem ser estimuladas por fatores como o aumento da temperatura da água ou o acúmulo de nutrientes e microalgas.
Apesar de parecer raro, esse espetáculo pode ocorrer em diversas regiões da costa brasileira. O contato com barcos, ondas quebrando ou qualquer movimentação na água pode desencadear a emissão de luz.
A movimentação da água, seja pelas ondas, pela passagem de embarcações ou até mesmo pelo nado, pode ativar a bioluminescência dos dinoflagelados, criando rastros brilhantes. No entanto, a luz emitida é relativamente fraca e só se torna visível à noite.
Embora os Noctiluca sejam inofensivos para os seres humanos, o contato com a água em locais onde ocorre a bioluminescência deve ser evitado. Isso porque sua presença pode indicar a existência de outras espécies de dinoflagelados, algumas das quais podem causar efeitos adversos, como diarreia.
Pesquisas já relacionaram a proliferação desses organismos à poluição, especialmente em episódios conhecidos como "maré vermelha", em que o excesso de nutrientes provenientes de esgoto não tratado favorece seu crescimento.
No litoral norte de São Paulo, o aumento da população durante a alta temporada e a elevação das temperaturas criam condições propícias para a proliferação desses microrganismos, alerta a pesquisadora.
Apesar disso, segundo o boletim da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) divulgado no dia 4, a Praia de Itamambuca está própria para banho. Uma nova análise da qualidade da água será divulgada na quinta-feira, 13. Para o órgão, a presença de Noctiluca não representa risco aos banhistas.