Aeroporto de Svalbard: base está localizada no norte da Noruega (Wikimedia Commons/Divulgação)
Repórter
Publicado em 6 de maio de 2025 às 16h16.
O Aeroporto de Svalbard, situado em um arquipélago nas águas glaciais do extremo norte da Noruega, enfrenta o risco de desaparecer nos próximos anos por causa das mudanças climáticas. Inaugurado na década de 1970, o aeroporto foi construído sobre uma espessa camada de solo congelado, que, atualmente, sofre um processo de derretimento acelerado.
Este derretimento se intensifica nas estações mais quentes. Durante esse período, os funcionários são obrigados a inspecionar diariamente a pista de 2.300 metros, para garantir que o solo permaneça seguro para operações de pousos e decolagens, já que há risco constante de ceder.
A manutenção do aeroporto é crucial para a sobrevivência dos 2.500 habitantes do arquipélago. Se o aeroporto fosse fechado, a maioria dos suprimentos essenciais precisaria ser transportada por via marítima, o que impactaria diretamente a vida local. A viagem de barco, que é bastante turbulenta, pode durar até dois dias.
"Estamos sempre com pessoal e materiais extras na ilha", conta Ragnhild Kommisrud, gerente do Aeroporto de Svalbard, em entrevista à CNN. "Se algo quebrar, precisamos ser autossuficientes e resolver sozinhos, pois a ajuda externa pode demorar muito a chegar."
Embora distante, Svalbard é rica em depósitos de carvão, especialmente próximos a fiordes profundos. Isso a torna um local atrativo para a mineração. O Tratado de Svalbard, assinado em 1920, dá à Noruega soberania sobre o arquipélago, mas outros países, como a Rússia e membros da União Europeia, também têm direito a explorar economicamente a região.
Durante o século 20, várias nações estabeleceram operações de mineração em Svalbard. Contudo, com a crescente preocupação ambiental, a dependência do carvão tem sido alvo de debates sobre a necessidade de uma transição energética.
Nos últimos anos, as minas controladas pela Noruega reduziram sua produção, com a maior mina de Svalbard, Sveagruva, sendo fechada em 2020. A mina russa em Barentsburg, o segundo maior assentamento da ilha, ainda está em operação, mas com a produção em declínio.
Apesar de Svalbard viver em total escuridão por quatro meses a cada ano, a ilha passou a contar com uma usina solar desde 2015. "Ela não funciona no inverno, mas no verão, quando temos quase 24 horas de luz, a usina se torna altamente eficiente", explica Kommisrud. As condições climáticas do Ártico, com temperaturas mais baixas, favorecem a produção de energia solar.
Em 2023, a usina termelétrica a carvão de Longyearbyen foi desativada e substituída por uma usina movida a diesel. Embora essa solução ainda tenha uma alta pegada de carbono, ela reduziu as emissões pela metade.
A Avinor, empresa responsável pela gestão do aeroporto, planeja para 2026 a construção de uma nova usina de biogás, como parte do seu compromisso de reduzir suas emissões de gases de efeito estufa em 42% até 2030 e em 90% até 2050, em relação aos níveis de 2022.
Com a mineração do carvão praticamente esgotada, Svalbard tem se voltado para o turismo como sua principal fonte de receita. Inicialmente, a região atraiu aventureiros interessados em atividades como trenó e snowmobile.
Mais recentemente, o arquipélago passou a ser um destino popular para quem deseja observar a aurora boreal e explorar sua fauna, flora e fungos únicos. Atualmente, mais de 70 empresas privadas atuam no setor de turismo local.
O verão é a temporada mais movimentada, com expedições turísticas realizadas por cruzeiros. Contudo, a temporada agora se estende para o inverno, quando as auroras são mais visíveis, e para o início da primavera, com dias mais longos.
Essa atividade tem o potencial de substituir o carvão como motor econômico de Svalbard, mas tanto as autoridades quanto a indústria turística estão comprometidas com a preservação ambiental. Por isso, o número de acomodações para visitantes foi limitado a apenas 500 quartos, e espera-se que essa limitação seja mantida nos próximos anos.