Ciência

Em breve, Antártida terá iceberg do tamanho da cidade de São Paulo

Continente perderá um bloco de gelo cuja superfície total é de cerca de 1.700 quilômetros; rachadura apareceu em 2016

Antártica: Continente gelado vem apresentando diversas fendas (Mario Tama/Getty Images)

Antártica: Continente gelado vem apresentando diversas fendas (Mario Tama/Getty Images)

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EFE

Publicado em 25 de fevereiro de 2019 às 19h41.

Washington - A Antártida perderá muito em breve um bloco de gelo cuja superfície total é de cerca de 1.700 quilômetros, segundo a Nasa, o que gerará um iceberg com um tamanho similar ao da cidade de São Paulo.

A agência espacial americana assegurou em comunicado que o bloco de gelo se desprenderá por uma rachadura que apareceu em outubro de 2016 e que não parou de se tornar mais longa e profunda.

Embora os cientistas não tenham especificado o momento em que ocorrerá, alertaram que esta ruptura poderia afetar o resto da plataforma continental e, portanto, toda a infraestrutura científica ali instalada.

Em seu anúncio, a Nasa comparou uma fotografia dessa área, registrada pelo satélite Landsat, datada em janeiro de 1986 com outra de janeiro de 2019, na qual é possível ver uma rachadura que cruza de oeste a leste toda a parte que previsivelmente se desprenderá, e cuja forma é a de um cabo litorâneo.

Quando esta fissura se encontrar com outra que cruza o cabo do sul ao norte, o território será transformado em um enorme iceberg cuja direção é imprevisível, assim como o efeito que causará no resto da superfície dessa área da Antártida.

A segunda rachadura já existia e se manteve estável durante 35 anos, segundo a Nasa, mas o seu crescimento se acelerou repentinamente e foi prolongando-se para o norte a uma velocidade superior a 4 quilômetros ao ano.

Embora o iceberg que nascerá pareça gigantesco, na realidade não o é para os padrões antárticos, ressaltou a Nasa, embora tenha destacado que "ainda será significativo".

"Pode ser que seja o maior iceberg que tenha se rompido na plataforma de gelo Brunt desde que começaram as observações em 1915", detalhou a agência espacial em seu site.

"Os cientistas estudam agora se a perda fará com que a superfície mude ainda mais e possivelmente se torne instável ou se rompa", alertou.

As crescentes fendas que fraturam a superfície da Antártida geraram preocupações de segurança para as pessoas que trabalham na plataforma, em particular os pesquisadores da Estação Halley do British Antarctic Survey.

Esta base, que é uma das principais para a pesquisa da Terra, da atmosfera e da ciência espacial, geralmente funciona durante todo o ano, mas foi fechada duas vezes nos últimos anos por mudanças imprevisíveis no gelo.

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