Ciência

Einstein 'quase' foi presidente de Israel quando estava nos EUA

Aos 73 anos, o físico alemão recebeu proposta do governo israelense em 1952, mas declinou por não ter "aptidão para lidar com pessoas"

Albert Einstein: veja porque o cientista foi convidado para ser presidente de Israel  (Netflix/Divulgação)

Albert Einstein: veja porque o cientista foi convidado para ser presidente de Israel (Netflix/Divulgação)

Maria Eduarda Lameza
Maria Eduarda Lameza

Estagiária de jornalismo

Publicado em 24 de novembro de 2025 às 23h52.

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Em 1952, Albert Einstein recebeu um convite inusitado: tornar-se presidente de Israel. O físico alemão, então com 73 anos e vivendo nos Estados Unidos desde 1933, quando fugiu das ascensão nazista na Alemanha, foi procurado pelo embaixador israelense nos EUA, Abba Eban, após a morte do primeiro presidente do país, Chaim Weizmann.

Israel havia se tornado independente apenas quatro anos antes, em 1948, e o governo do primeiro-ministro David Ben-Gurion buscava um nome de prestígio internacional para ocupar o cargo, que no sistema parlamentarista israelense tem função mais simbólica e cerimonial do que executiva. O objetivo era atrair judeus de todo o mundo para o jovem país.

A carta enviada a Einstein ressaltava que Israel era "um pequeno Estado em dimensões físicas", mas que poderia "atingir a grandeza à medida que exemplifica as mais elevadas tradições espirituais e intelectuais que o povo judeu estabeleceu."

O embaixador garantiu que o cientista não precisaria abandonar sua carreira científica, mas teria que deixar Nova Jersey, onde trabalhava no Instituto de Estudos Avançados de Princeton.

A recusa educada

Einstein declinou o convite com cortesia. Em sua resposta, ele se disse "profundamente comovido" e, ao mesmo tempo, "triste e envergonhado por não poder aceitar". O físico argumentou que não tinha as habilidades necessárias para o cargo.

"Durante toda a minha vida, lidei com assuntos objetivos, portanto, careço tanto da aptidão natural quanto da experiência para lidar adequadamente com as pessoas e exercer funções oficiais", escreveu Einstein.

Supostamente, Ben-Gurion respirou aliviado com a recusa. O primeiro-ministro confidenciou a seu chefe de gabinete: "Diga-me o que fazer se ele disser 'sim'. Eu tive que oferecer o cargo a ele porque seria impossível não oferecer. Mas, se ele aceitar, teremos problemas". Ben-Gurion temia a franqueza de Einstein, segundo informações da BBC à época.

Qual era a posição de Einstein?

O receio do primeiro-ministro tinha fundamento. Einstein era membro do movimento sionista desde 1921, mas defendia uma ala mais progressista: a criação de um Estado binacional com direitos iguais para árabes e judeus na Palestina.

Em 1948, o físico assinou uma carta aberta ao jornal The New York Times criticando duramente a visita do político Menachem Begin aos Estados Unidos. Begin liderava a Irgun, organização paramilitar responsável pelo massacre de Deir Yassin, onde mais de cem civis palestinos, incluindo mulheres e crianças, foram mortos.

Na carta, Einstein e outros intelectuais judeus classificaram o partido de Begin, o Herut, como "intimamente relacionado em sua organização, método, filosofia política e apelo social aos partidos nazistas e fascistas."

Com a recusa de Einstein, o cargo de presidente foi ocupado pelo historiador Yitzhak Ben-Zvi. Já Menachem Begin consolidou sua carreira política e se tornou primeiro-ministro de Israel entre 1977 e 1983. Seu partido Herut foi absorvido em 1988 pelo Likud, a mesma legenda de Benjamin Netanyahu, atual primeiro-ministro e figura central no conflito que Israel trava contra a Palestina desde outubro de 2023.

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