Sistema Solar: 2021 estará cheio de eventos astronômicos (adventtr/Getty Images)
Tamires Vitorio
Publicado em 5 de janeiro de 2021 às 10h03.
Última atualização em 6 de janeiro de 2021 às 12h14.
Se a astronomia pareceu estar recheada de novidades em 2020 – com descobertas como água na Lua e indícios de vida em Vênus –, 2021 também promete ser um bom ano para quem se interessa por novidades sobre o espaço.
De eclipses (tanto do Sol quanto da Lua) à missões da Nasa e dos Emirados Árabes, confira abaixo os principais eventos do calendário astronômico deste ano:
Quer trabalhar na área de tecnologia? Aprenda data science e python do zero. Comece agora!
Dia 9 – Entendendo o clima do planeta vermelho: logo no começo de fevereiro, a primeira das três espaçonaves que foram enviadas a Marte em julho do ano passado chegarão ao planeta. Chamada de Hope ("esperança", na tradução literal), ela será também a primeira nave de exploração espacial da missão dos Emirados Árabes e pretende conseguir detalhes do clima marciano.
Dia 10 – A China e a busca pela verdade celestial: um dia depois da primeira espaçonave dos Emirados Árabes chegar em Marte, a missão chinesa Tianwen-1, que significa "busca pela verdade celestial", entrará na órbita do planeta vermelho. O objetivo do país é pousar um rover em terras marcianas em maio deste ano – coisa que, até agora, somente a Nasa conseguiu. Os chineses também querem realizar um levantamento da atmosfera do planeta e descobrir se existe água potável ou sinais de vida no local.
Dia 18 – Marte de novo: o planeta vermelho foi um destino popular em 2020, e tudo indica que continuará sendo em 2021. No dia 18, o rover Perseverance ("perseverança", na tradução para o português) da Nasa chegará em superfície marciana com o objetivo de averiguar a existência de vida no planeta e coletar outras informações sobre ele, bem como fazer a coleta de pedras que poderão ser as primeiras a voltar para a Terra.
Dicionário:
Dia 1 — Voltando para casa: bem no começo de março uma espaçonave da Nasa começará a fazer o caminho de volta para a Terra após ficar quatro meses em Bennu, um asteroide próximo ao nosso planeta. Ela não voltará sozinha: por lá, conseguiu coletar areia e pedras do asteroide. É esperado que ela chegue de vez em 2023 — cheia de segredos.
Dia 20 — Encontre-me no equinócio: marcado para acontecer às 6h37, o equinócio de março dá início à primavera no Hemisfério Norte e ao outono no Hemisfério Sul. Neste dia nenhum dos dois hemisférios estará inclinado em relação ao Sol, o que fará com que os dois lados do planeta sejam igualmente iluminados. Isso faz com que o dia e a noite tenham uma duração igual globalmente.
Dia 29 — A prova da Boeing: no final do mês a Boeing irá enviar uma espaçonave não-tripulada até a estação espacial da Nasa após uma série de problemas com seus veículos espaciais. A companhia, tradicional no ramo, foi uma das duas escolhidas pela agência espacial americana para construir uma espaçonave capaz de levar astronautas ao espaço — a primeira delas, a SpaceX, de Elon Musk, conseguiu levar dois astronautas à Estação Espacial Internacional. Neste dia, a Boeing deve provar que consegue colocar uma nave sem tripulantes em órbita antes de levar astronautas.
Dias 21 e 22 — Chuva brilhante: nesses dois dias acontece o fenômeno da chuva de meteoros Líridas, uma conhecida da população terrestre. O melhor horário para observá-la provavelmente será na noite do dia 21 até o amanhecer do dia 22.
Dias 4 e 5 — Eita, meteoros: a chuva de meteoros Eta Aquáridas acontecerá entre os dias 4 e 5 de maio e não é preciso ter nenhum equipamento especial para observá-las — basta ter paciência e torcer para o céu estar claro no dia.
Dia 26 — Eclipse total da Lua (parcialmente visto no Brasil): neste dia também acontece o evento da superlua, quando a Lua cheia fica mais próxima da Terra e a sombra do nosso planeta acaba cruzando o caminho do satélite, o que a faz ficar vermelha. Os americanos e australianos serão os sortudos e poderão vislumbrar o eclipse em sua totalidade, enquanto no Brasil ele poderá ser apenas parcialmente visto.
Dia 1 — Pausa na Lua: mais uma parceria entre a Nasa e uma companhia privada, no começo de junho um veículo não-tripulado da empresa americana Astrobotic será enviado até a Lua para levar instrumentos científicos, se tudo der certo. A missão tem como objetivo ser a primeira a alcançar a órbita do foguete Vulcan, da United Launch Alliance, uma joint venture entre a Lockheed Martin e a Boeing.
Dia 10 — Anel de fogo: neste dia a Lua estará muito longe da Terra para bloquear o céu completamente, o que criará um fenômeno incomum conhecido como eclipse de "anel de fogo". Ele acontecerá no polo Norte, viajando primeiro para a parte de cima do globo e depois descendo até o Sul. No Canadá e na Rússia as pessoas conseguirão ver o anel completo, enquanto nos Estados Unidos o fenômeno poderá ser visto parcialmente na costa Leste do país.
Dia 21 — Olá, inverno: o dia do solstício de inverno para o hemisfério Sul e do solstício de verão para o Norte acontece quando a metade de cima do planeta se vira em direção do Sol, deixando a outra parte menos coberta pela luz solar. Neste ano, o evento acontece 00h31 do dia 21 de junho.
Dia 5 — Longe do Sol: nesse dia acontece o que é chamado de apoastro na astronomia, quando o Sol está o mais longe da Terra que consegue durante a órbita elíptica. No ano passado, o planeta ficou a mais de três milhões de quilômetros de distância da estrela em relação ao período em que estamos mais próximos dela. A distância extra faz com que a quantidade de raios solares recebidas pelos humanos caia em 7% quando comparada com janeiro.
Dia 22 — Cutucando um asteroide: a Nasa pode lançar a sua missão DART nesse dia, com o objetivo de observar o par de asteroides Didymos, que ficam próximos da Terra. A ideia é entender como um asteroide pode prejudicar a vida das pessoas no planeta e evitar que isso aconteça. O menor integrante da dupla, chamado de Didymoon, orbita seu parceiro maior enquanto fazem a sua viagem pelo Sol — por isso, a missão quer saber se é possível fabricar uma colisão entre ambos os asteroides para alterar a orbita do pequeno objeto. A data marcada para a colisão, se tudo der certo, é 22 de setembro.
Dias 28 e 29 — Temporada de chuva: o pico da chuva de meteoros Delta Aquáridas do Sul acontece entre esses dias, sendo que seu pico será na noite do dia 28 até o amanhecer do dia 29, quando acontece a melhor chance de conseguir vislumbrar um pouco do fenômeno. Geralmente, a chuva é visível a olho nu. Nesses dias também acontece o auge da chuva de meteoros Alfa Capricornídeos.
Dias 11 e 12 — O pico do meteoro: entre esses dois dias a conhecida chuva de meteoros Perseidas estará em seu auge. Segundo a Nasa, em termos de direção no céu, a resposta é a constelação de Perseus. "É por isso que a chuva de meteoros é conhecida como Perseidas", explica a agência espacial em uma publicação em seu blog oficial. Em termos de corpos, os meteoros das Perseidas vêm do Swift-Tuttle, que completa uma órbita ao redor do Sol a cada 133 anos e, quando isso acontece, o cometa é aquecido e pequenas partículas radiantes acabam passando pela Terra.
Dia 22 de setembro — Mudança de estação: enquanto o Norte estará fazendo a sua transição do verão para o outono, o polo Sul estará esquentando e mudando do inverno para a primavera.
Dia 11 de Outubro — A Nasa novamente: mais uma parceria com uma empresa privada para alcançar novamente a Lua, nesse dia a agência espacial americana deve enviar mais uma espaçonave para o satélite terrestre.
Dia 16 — Vamos para (quase) Júpiter: também da Nasa, a missão Lucy deve ser lançada nesse dia para analisar os asteroides conhecidos como Trojans, próximos de Júpiter — mas a milhões de milhas de distância. A teoria é que esses objetos são resquícios de outros que ajudaram a formação dos planetas quando o sistema solar surgiu.
Dias 19 e 20 — Mais meteoros: outra chuva de meteoros para o ano de 2021, a Oriónidas estará mais visível no céu da noite do dia 19 até o amanhecer do dia 20. Assim como a Eta Aquáridas, que acontece em maio, o fenômeno vem de material cósmico deixado pelo cometa Halley. Essa órbita famosa passa pela Terra a cada 76 anos — a próxima acontecerá somente em 2061.
Dia 31 — Finalmente Webb: a joia da coroa dos telescópios de órbita pode ser lançada nesse dia — sucessor do Hubble, da Nasa, o telescópio é um avanço a caminho do entendimento do sistema solar, da galáxia e do universo. É esperado que ele seja lançado no dia 31 de outubro, mas tudo pode mudar, como já mudou outras vezes por problemas no orçamento e por conta da pandemia do novo coronavírus.
Dia 1 — Ártemis começa viagem para a Lua: tudo indica que a data será marcada pelo primeiro lançamento da Ártemis, missão da Nasa que tem como meta fazer com que a primeira mulher do mundo também deixe a sua marca no satélite. É nesse programa que o terceiro homem também deve chegar ao local. Essa primeira viagem da missão, entretanto, será não-tripulada — e um grande foguete chamado Orion deverá chegar na Lua para entender melhor como as coisas funcionam por lá.
Dias 16 e 17 — Leónidas no céu: mais uma chuva de meteoros, a Leónidas acontece em algumas décadas e produz uma tempestade de meteoros com mais de mil vistos por hora. Em 2002, a chuva foi bastante forte, e, em 19 anos, pode repetir sua intensidade.
Dias 13 e 14 — Chovendo Gemínidas: o último mês do ano começa com uma chuva que promete de 120 a 160 meteoros por hora — se você conseguir vê-la. A principal suposição da astronomia é que ela foi originada em um objeto chamado 3200 Phaeton.
Dia 21 — Mudando solstícios: enquanto o Hemisfério Norte se prepara para outro inverno começar, o Hemisfério Sul do planeta tira as bermudas do armário para passar mais um verão.
Dias 21 e 22 — Poucos meteoros: e finalmente o último evento astronômico do ano: no dia 21 de dezembro pode ser possível dar uma olhada na pequena chuva Ursids, que coloca no céu cerca de 10 a 20 meteoros por hora.