Ciência

É melhor comer dois hambúrgueres do que batata frita

Tudo questão de custo-benefício: para se sentir realmente satisfeito, fazer a troca é mais interessante. É o que defende uma nutricionista norte-americana

Hambúrgueres: o hábito de se alimentar fora do lar tem sido cada vez mais incorporado à rotina da família brasileira (Iuliia Chetvertkova/Thinkstock)

Hambúrgueres: o hábito de se alimentar fora do lar tem sido cada vez mais incorporado à rotina da família brasileira (Iuliia Chetvertkova/Thinkstock)

Victor Caputo

Victor Caputo

Publicado em 28 de novembro de 2017 às 17h10.

Última atualização em 28 de novembro de 2017 às 17h15.

"Acompanha batata frita?"

Não adianta fugir: essa proposta despretensiosa perseguirá você em qualquer lanchonete que se preze. Em um mundo ideal – aquele, imaginado pelas suas artérias – você seguraria seu impulso por gordura, daria meia volta, e iria para casa preparar uma salada. Mas como não é isso que normalmente acontece, o melhor a fazer é colocar em prática uma tática simples: deixar o combo com as batatas palito de lado e apostar em um segundo hambúrguer.

Ainda que pareça sugestão de algum fã convicto de Big Mac, dá para dizer que essa ideia conta com respaldo técnico. Quem propôs a troca pela primeira vez foi a nutricionista norte-americana Emily Fields, durante uma entrevista concedida ao Business Insider. Segundo ela, mais do que classificar uma comida como “heroína” ou “vilã”, é importante refletir se aquilo que se está comendo é balanceado o suficiente para dar conta de suas necessidades diárias. Ou seja: pior do que comer coisas não saudáveis é deixar de entregar ao seu corpo os nutrientes que ele precisa todo dia.

Não costumamos enxergar a dupla sanduíche + batatinha com base em seus valores máximos e mínimos de carboidratos, gorduras e proteínas. Mas a verdade é que, para nosso corpo, o que vale no fim das contas não é o prazer, mas esse retorno nutricional. No caso dos carboidratos, a função básica é dar energia.

Já as gorduras ajudam a absorver vitaminas e minerais essenciais, enquanto as proteínas servem de combustível para os músculos e dão a saciedade que só um pratão bem servido é capaz de proporcionar. Em conjunto, as duas últimas têm função importante: ajudam a desacelerar o processo metabólico, que extrai energia dos alimentos transformando carboidratos em açúcar.

É por isso que, quando opta por comer só cereal no café da manhã, você fica com fome algumas horas depois, explica Fields. A culpa é dos carboidratos, ingredientes principais da refeição e fonte “rápida” de energia: apesar de darem um pico no total de açúcar no sangue, eles não conseguem manter esse nível sozinhos – obrigando você a petiscar alguma coisa em pouco tempo. Reforçar o menu com os outros dois componentes, como a gordura presente em um iogurte e a proteína fornecida por algumas castanhas ou granola, ajudaria a minimizar essa perda.

Aí que entra o hábito de aposentar o famigerado combo gorduroso. Trocar as batatas fritas por um segundo hambúrguer, seguindo a mesma lógica, serviria para garantir mais proteínas e reduzir proporcionalmente os totais de gordura e carboidratos – integrantes de quase tudo que você for pedir em um fast-food. Esta troca simples pode ajudar a estabilizar os níveis de açúcar do seu sangue.

Enquanto as batatinhas só fornecem carboidratos e gordura, os hambúrgueres são mais nutritivos: há proteína na carne, carboidrato no pão e a gordura… bem, essa está presente em todo o seu preparo.Mantendo tudo isso em mente, você está apto a iniciar seus próprios cálculos. Uma porção média de batata frita do Mc Donald’s tem 288 kCal e 35 g de carboidratos, 15 g de lipídios e só 4 g de proteína. Por isso, apostar nas 245 kCal de um hambúrguer de carne simples se mostra uma escolha mais acertada. Além de quase quatro vezes mais proteína (15 g), ele tem menos gordura (13 g) e perde por pouco no total de carboidratos (30 g).

É bom considerar também o total de gorduras saturadas, presentes no óleo usado para fritar as batatas em imersão. A redução no número de calorias e a menor quantidade de carboidratos também são bons benefícios. Uma pesquisa de 2013 mostrou também que voluntários que se obrigaram a comer mais proteínas registraram maior redução de peso. É bom sempre lembrar que não olhamos aqui para outro fator importante que é o total de sódio. Mas é aquela história: quem está em um fast-food não tem muitos caminhos para onde correr – além o da porta de saída, claro.

Hambúrguer e batata frita parecem inseparáveis, é verdade. Mas caso queira terminar sua próxima visita ao fast-food com menos peso na consciência (ou se tiver se cansado de todos os combos listados no cardápio), apostar na ideia pode ser um bom primeiro passo rumo a uma vida mais saudável. “Tente mudar e veja como se sente”, completa Field.

Este texto foi publicado originalmente no site do Superinteressante.

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