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E agora, Stephen Hawking? Será o fim do paradoxo do buraco negro?

Os cientistas descobriram que Hawking acertou em cheio em relação ao cálculo semiclássico, mas algumas coisas ainda precisam ser analisadas

Stephen Hawking: e agora, buracos negros? (Dave J Hogan/Getty Images/Getty Images)

Stephen Hawking: e agora, buracos negros? (Dave J Hogan/Getty Images/Getty Images)

Tamires Vitorio

Tamires Vitorio

Publicado em 4 de novembro de 2020 às 08h30.

Última atualização em 10 de novembro de 2020 às 08h58.

Uma série de estudos recentes parecem explicar, de uma vez por todas, como funciona o paradoxo do buraco negro. Segundo os cientistas, se um indivíduo pula dentro de um, ele não desaparecerá para sempre --- isso porque, segundo eles, o corpo desta pessoa irá ressurgir partícula por partícula.

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Isso indica que, de uma forma ou de outra, o que conhecemos como "espaço-tempo" pode desmoronar em um buraco negro, sendo não o nível principal da realidade, mas sim uma estrutura "emergente de algo ainda mais profundo".

Os novos cálculos realizados pelos cientistas para chegar a essa conclusão foram inspirados pelo modelo físico matemático da teoria das cordas, mas não utilizam as cordas em si. Segundo eles, a matéria "vaza" pelo buraco negro apenas pelo funcionamento da própria gravidade. E apenas ela tem uma camada única de efeitos quânticos.

Duas teorias impulsionaram a descoberta dos cientistas. A primeira delas foi a da relatividade de Einstein, que supõe que a gravidade de um buraco negro é tão intensa que nenhuma matéria pode escapar delas. Já Stephen Hawking, em 1970, não questionou esse princípio --- por sua vez, o físico tentou descrever a matéria dentro e ao redor dos buracos negros com base na teoria quântica, mas seguindo princípios da teoria de Einstein, usando uma abordagem híbrida chamada de "semiclássica". A teoria de Hawking não estudou o interior dos buracos negros.

Os cientistas descobriram que Hawking acertou em cheio em relação ao cálculo semiclássico, mas era preciso levar em contas novas configurações gravitacionais. Segundo eles, a informação vaza dentro de um buraco negro, mas ela é regurgitada quase que imediatamente. Para um dos coautores do estudo, Donald Marolf, da Universidade da Califórnia, "essa é a coisa mais emocionamente que aconteceu nesse assunto desde Hawking".

(EXAME Academy/Exame)

Os autores, apesar de felizes com a descoberta, também se sentem "decepcionados", por não terem conseguido responder uma pergunta relacionada à gravidade quântica: se as informações saem ou não dos buracos negros. "A esperança era que, se pudéssemos responder a esta pergunta - se pudéssemos ver as informações saindo - para fazer isso, teríamos que aprender sobre a teoria microscópica", disse Geoff Penington da Universidade da Califórnia, Berkeley.

O trabalho matemático ainda precisa ser estudado mais a fundo. Alguns especialistas, por exemplo, ainda estão resistentes e acreditam que a teoria das cordas ou outros novos tipos de física precisam entrar em conta na hora de analisar o que entra e o que sai dos buracos negros.

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