Ciência

Dias na Terra ficam 1,8 milisegundo mais longos a cada século

Esse número, no entanto, é significativamente menor do que os 2,3 ms estimados anteriormente pelos cientistas

Terra: a estimativa anterior de 2,3 ms foi baseada em cálculos da atração gravitacional lunar, que causa as marés oceânicas na Terra (Nasa/Reprodução)

Terra: a estimativa anterior de 2,3 ms foi baseada em cálculos da atração gravitacional lunar, que causa as marés oceânicas na Terra (Nasa/Reprodução)

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AFP

Publicado em 7 de dezembro de 2016 às 15h31.

Os dias na Terra estão ficando cada vez mais longos, mas você provavelmente não vai perceber isso até o final da sua vida, visto que levaria cerca de 3,3 milhões de anos para ganharmos apenas um minuto, de acordo com um estudo publicado na quarta-feira.

Ao longo dos últimos 2.700 anos, o dia médio aumentou a uma taxa de cerca de 1,8 milissegundos (ms) por século, concluiu uma equipe de pesquisa britânica, que publicou seus resultados na revista científica Proceedings of the Royal Society A.

Esta taxa foi "significativamente menor", dizem os autores, do que a de 2,3 ms por século estimada anteriormente - que requeria apenas 2,6 milhões de anos para adicionar um minuto ao dia.

"É um processo muito lento", disse à AFP o autor principal do estudo, Leslie Morrison, astrônomo aposentado do Observatório Real de Greenwich, no Reino Unido.

"Essas estimativas são aproximadas, porque as forças geofísicas que operam na rotação da Terra não serão necessariamente constantes durante um período tão longo de tempo", especificou.

"A interferência de Idades do Gelo, por exemplo, interromperá essas simples extrapolações", acrescentou.

A estimativa anterior de 2,3 ms foi baseada em cálculos da atração gravitacional lunar, que causa as marés oceânicas na Terra.

Para o novo estudo, Morrison e sua equipe usaram teorias gravitacionais sobre o movimento da Terra ao redor do Sol e o da Lua ao redor da Terra, para calcular os tempos dos eclipses da Lua e do Sol ao longo dos séculos, vistos de nosso planeta.

Eles então calcularam em que lugares da Terra os eclipses teriam sido visíveis, e compararam isto com as observações de eclipses registradas por antigos babilônios, chineses, gregos, árabes e europeus medievais.

"Obtivemos registros históricos relevantes de historiadores e tradutores de textos antigos", explicou Morrison.

"Por exemplo, as tábuas babilônicas, em escrita cuneiforme, estão armazenadas no Museu Britânico e foram decodificadas por especialistas", acrescentou.

A equipe encontrou discrepâncias entre os lugares onde os eclipses deveriam ter sido observáveis e os lugares da Terra onde eles foram realmente vistos.

"Esta discrepância é uma medida de como a rotação da terra vem variando desde 720 A.C.", quando as civilizações antigas começaram a manter registros dos eclipses, escreveram os autores.

Os fatores que influenciam a rotação da Terra incluem o efeito da gravidade da Lua, as alterações no formato do planeta devido ao derretimento das calotas polares desde a última Idade do Gelo, as interações eletromagnéticas entre o manto e o núcleo e as mudanças no nível médio do mar, segundo os pesquisadores.

A desaceleração da órbita da Terra é a razão pela qual os cronometristas do mundo têm de ajustar os relógios de alta precisão de anos em anos para garantir que eles permaneçam em sincronia com a rotação do nosso planeta.

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