As autoridades chinesas haviam alegado que o retorno fora de controle do segmento do foguete Longa Marcha 5B, que colocou em órbita o primeiro módulo de sua estação espacial em 29 de abril, representava pouco perigo.
Space-Track, a rede de vigilância espacial dos EUA, baseando-se em dados militares americanos, também confirmou a entrada na atmosfera.
"Todos que acompanham o retorno do #LongaMarcha5B podem relaxar. O foguete caiu", tuitou Space Track.
A queda do segmento corresponde às previsões de alguns especialistas que disseram ser grande a probabilidade de ele cair no mar, uma vez que o planeta é composto por 70% de água.
Mas o retorno descontrolado de um objeto desse porte levantou preocupações sobre possíveis danos e vítimas, apesar da baixa probabilidade.
"A maioria dos componentes (do foguete) vai queimar na reentrada na atmosfera", havia assegurado Wang Wenbin, porta-voz do ministério de Relações Exteriores da China.
"A probabilidade de causar danos às atividades aéreas ou (a pessoas, edifícios e atividades) em solo é extremamente baixa", disse ele.
O secretário de Defesa americano, Lloyd Austin, garantiu esta semana que seu país não tem intenção de destruir o foguete. Ele deu a entender, porém, que seu lançamento não foi planejado com os devidos cuidados pela China.
Em 2020, destroços de outro foguete Longa Marcha caíram em vilarejos na Costa do Marfim, causando danos, mas sem feridos.
Em abril de 2018, o laboratório espacial chinês Tiangong-1 se desintegrou ao entrar na atmosfera, dois anos depois de parar de funcionar.
Para evitar uma repetição desta situação, os especialistas recomendaram a remodelação do foguete Longa Marcha 5B, que não tem a capacidade de controlar sua descida da órbita.
"Uma entrada (na atmosfera) sobre o oceano sempre foi estatisticamente a mais provável", tuitou Jonathan McDowell, astrônomo de Harvard.
"Parece que a China ganhou a aposta (a menos que tenhamos notícias de partes caídas nas Maldivas). Mas ainda assim, foi imprudente", considerou.
"O fato de uma tonelada de fragmentos metálicos atingir a Terra a centenas de km/h não é uma boa prática, e a China deveria revisar suas missões para evitar isso", acrescentou.
A China vem investindo bilhões de euros em seu programa espacial há várias décadas.
O país asiático enviou seu primeiro astronauta ao espaço em 2003. No início de 2019, pousou um robô no lado oculto da Lua.
No ano passado, trouxe amostras da Lua e finalizou o Beidou, seu sistema de navegação por satélite (concorrente do GPS americano).
A China planeja pousar um robô em Marte nas próximas semanas e também anunciou sua intenção de construir uma base lunar com a Rússia.