Neutrinos: o detector IceCube conseguiu a primeira detecção de neutrinos cósmicos de alta energia em 2013, e começou a distribuir alertas de novos neutrinos em abril de 2016 (Martin Wolf/IceClube/Reuters)
EFE
Publicado em 12 de julho de 2018 às 13h41.
Última atualização em 12 de julho de 2018 às 13h44.
Washington - Uma equipe multidisciplinar de pesquisadores detectou um neutrino que foi gerado por um buraco negro supermassivo a 3,7 bilhões de anos-luz da Terra, na constelação de Órion, segundo um estudo publicado nesta quinta-feira na revista especializada "Science".
"Esta identificação inicia o novo campo da astronomia de alta energia de neutrinos, que esperamos gere avanços emocionantes na nossa compreensão do universo e da física fundamental, incluindo como e onde são produzidas estas partículas de alta energia", afirmou Doug Cowen, da Universidade Penn State, da Pensilvânia (EUA).
O neutrino em questão, identificado como IceCube-170922A, foi localizado pelo detector antártico IceCube no dia 22 de setembro de 2017 e tinha uma energia de 300 trilhões de elétron-volts.
Durante décadas, os astrônomos buscaram detectar neutrinos cósmicos de alta energia para aprender onde e como são geradas estas partículas subatômicas, que têm uma energia de milhares a milhões de vezes maiores às obtidas pelo Grande Colisor de Hádrons, o maior acelerador de partículas do mundo.
O desafio principal na detecção destes neutrinos e o estudo das suas fontes, de acordo com os autores, é que eles interagem "muito fracamente" com a matéria.
O detector IceCube conseguiu a primeira detecção de neutrinos cósmicos de alta energia em 2013, e começou a distribuir alertas de novos neutrinos em abril de 2016.
"Estes avisos estimularam uma impressionante série de observações de acompanhamento, mas não de fontes interessantes, até que apareceu o IceCube-170922A", explicou Derek Fox, outro dos pesquisadores principais.
A detecção regular de neutrinos, partículas elementares de massa muito pequena, similar à do elétron, e desprovidas de carga elétrica, desencadeou uma sequência automatizada de observações de raios X e ultravioleta por parte do Observatório Neil Gehrels Swift da Nasa e de outros 13 centros.
Junto com uma nova análise do conjunto completo de dados do equipamento do IceCube para essa região do céu, estas observações proporcionam uma "forte evidência" de que o neutrino foi gerado por um buraco negro supermassivo a 3,7 bilhões de anos-luz da Terra, conhecido pelos astrônomos como TXS 0506 + 056.
"Durante 20 anos, um de nossos sonhos foi identificar as fontes de neutrinos cósmicos de alta energia, e parece que finalmente conseguimos", comemorou Cowen.
Além de Cowen e Fox, o pesquisador Azadeh Keivani, da mesma universidade americana, também teve um papel importante nesta descoberta.