Calvície: a condição afeta um a cada dois homens no mundo (Matthew Stockman/Getty Images)
Marina Demartini
Publicado em 4 de junho de 2017 às 07h00.
Última atualização em 4 de junho de 2017 às 07h00.
São Paulo – Cientistas norte-americanos podem ter descoberto uma causa até então desconhecida para a calvície de maneira totalmente acidental. De quebra, essa descoberta pode trazer possíveis tratamentos para a calvície. A descoberta foi feita quando cientistas investigavam o papel das células T reguladoras na saúde da pele. Durante as pesquisas, eles notaram que as células T participavam ativamente no processo de crescimento de cabelos.
Geralmente, as células T reguladoras (também chamadas de Tregs) são associadas ao controle de inflamações. Contudo, neste estudo, pesquisadores da Universidade da Califórnia, em São Francisco, revelaram que as Tregs ativam células-tronco da pele para que ocorra o crescimento de cabelos. Antes, acreditava-se que as células-tronco faziam esse trabalho sozinhas.
Michael Rosenblum, autor principal da pesquisa, disse em comunicado que isso significa que se as células T não estão ativadas ou têm algum defeito, elas podem influenciar na capacidade das células-tronco de regenerar os folículos capilares, levando à calvície.
O que chama a atenção é que Rosenblum e sua equipe não estavam pesquisando sobre o assunto quando fizeram a descoberta. Na realidade, eles estavam realizando experiências sobre a pele, em que precisavam remover temporariamente as Tregs de ratos. Contudo, após rasparem os animais, notaram que os pelos não voltaram a crescer.
Os cientistas, então, se aprofundaram no tema e realizaram exames de imagens. Esses revelaram que as células T estão conectadas às células-tronco nos folículos capilares que ajudam a regenerar os pelos. O número de Tregs triplica ao redor das células quando os folículos entram no ciclo de regeneração.
Para os pesquisadores norte-americanos, a falta de Tregs pode causar a alopecia areata, uma doença autoimune que faz com que o cabelo caia repentinamente em grandes quantidades. A alopecia é tão comum quanto a artrite reumatoide e mais comum do que a diabetes tipo 1.
Segundo Rosenblum, estudos feitos anteriormente mostram que os genes associados à alopecia estão quase todos relacionados a Tregs. Ele aponta que os tratamentos que estimularam as células T se mostraram eficazes contra a doença. O autor ainda especula que pesquisas mais avançadas sobre o assunto precisam ser feitas para que sejam criados melhores tratamentos para condições mais comuns, como a calvície masculina.
Além da relação entre a perda de cabelos e as Tregs, Rosenblum também quer explorar se essas células tem algum papel na cicatrização de feridas. Afinal, as células-tronco em folículos tem envolvimento na regeneração da pele após lesões. “Assim, o que descobrimos é que as células-tronco e células imunes têm que trabalhar juntas para tornar a regeneração possível.”
A calvície masculina, ou alopecia androgenética, ocorre em um a cada dois homens no mundo. Atualmente, há duas formas de tratamento: o clínico, que promove o uso de medicamentos, e o cirúrgico, a partir do implante capilar.