Jet lag: por mais dolorosos que voos de trajetos longos possam ser, o que realmente deveria meter medo é o que vem depois, o jet lag (FlairImages/Thinkstock)
Da Redação
Publicado em 3 de fevereiro de 2017 às 16h00.
Nova York - Os voos mais longos do mundo estão ficando cada vez mais longos. A mais nova rota da Emirates entre Dubai e Auckland dura impressionantes 16,5 horas — é o voo mais longo no mercado — e a Qantas pretende lançar uma nova rota de 17 horas entre Perth e Londres em 2018.
Mas, por mais dolorosos que esses voos de trajetos longos possam ser, o que realmente deveria meter medo é o que vem depois, o jet lag.
No entanto, isso poderia mudar em breve. A comunidade médica deu mais um passo em direção à cura do jet lag, graças a um estudo do Salk Institute publicado no ano passado no periódico acadêmico Cell.
De acordo com o Dr. Ronald Evans, principal autor do estudo, uma proteína chamada Rev-ErbA poderia ser a chave para liberar um ritmo circadiano regular e saudável onde (ou quando) quer que você esteja.
O ritmo circadiano, um ciclo psicológico que dura aproximadamente o mesmo que o dia, não regula somente o momento em que sentimos sono — também regula quando sentimos fome e quando nos sentimos mais ativos.
“Em circunstâncias normais”, disse Evans, “dormimos quando está escuro e acordamos e nos alimentamos quando o sol se levanta”.
A alimentação é um ponto essencial: o ritmo circadiano tem a ver tanto com o sono quanto com o metabolismo. Em outras palavras, você pode combater o jet lag ao consumir (e queimar) calorias nos momentos certos, além de tentar dormir na hora certa.
Seu ritmo circadiano não se autorregula: quem faz isso é a Rev-ErbA. De acordo com o estudo de Evans, essa proteína age como uma espécie de interruptor-geral que coordena o “liga e desliga” dos genes que regulam nossos ritmos circadianos, inclusive aqueles envolvidos no metabolismo.
Identificar esse interruptor-geral e entender como ele funciona é o primeiro passo para controlá-lo artificialmente. Ao regular a quantidade de Rev-ErbA no organismo e o quanto ela oscila ao longo do dia, talvez possamos encontrar a cura para o jet lag.
E não é só isso: esse conhecimento poderia também dar um alívio a pessoas com problemas crônicos relativos ao sono ou a outros distúrbios que podem se desenvolver como resultado de um ciclo circadiano irregular.
Ainda faltam anos para que surja um remédio capaz de evitar o jet lag, mas há diversas estratégias específicas para que você controle a situação.
É verdade que nem tudo funciona para todos — pessoas que viajam com frequência testam de tudo, como tomar um remédio para dormir antes de decolar, fazer ioga depois de aterrissar ou monitorar o sono com aplicativos —, mas quanto mais entendemos os mecanismos que provocam o jet lag, mais preparados estaremos para escolher nossas táticas.
A principal lição que se extrai do estudo de Evans é dar o mesmo peso aos três pilares do ritmo circadiano para redefinir sua programação em um novo fuso horário.
Quanto antes você começar a se movimentar, a dormir e a se alimentar nos horários certos, mais rápido você vai se ajustar.