. (Ridofranz/Thinkstock)
São Paulo – Conviver em harmonia com amigos e parentes do parceiro ou da parceira pode ser um desafio para alguns casais. Um estudo longitudinal recente que feito por um grupo de pesquisadores da Universidade Adelphi, em Nova York, que observou casamentos heterossexuais, concluiu que a tendência de que a relação termine em divórcio se é o homem que desaprova o grupo de amigos da esposa e, se o casal é branco, a chance é maior nos 16 primeiros anos de relação.
Existem vários estudos sobre os relacionamentos amorosos, mas eles geralmente focam na aceitação entre as famílias de cada membro do casal, dando menos atenção aos grupos de amigos, que também podem apresentar rejeição ao novo integrante. Mesmo neste último caso, o objetivo é entender os efeitos da opinião das pessoas próximas sobre a pessoa recém-chegada. Mas e quando quem desaprova os amigos é o próprio parceiro?
O grupo de pesquisadores, liderados pela psicóloga Katherine L. Fiori, analisou as informações de um longo estudo sobre casamentos heterossexuais no estado de Michigan desde 1986, observando 174 casais formados por pessoas brancas e 199 por pessoas negras. Até hoje, 36% dos casais brancos e 55% dos casais negros não estão mais juntos depois dos primeiros 16 anos de casamento.
Entre as várias razões que levaram à separação, os pesquisadores notaram que o divórcio era mais provável de acontecer antes de o casamento completar duas décadas se o marido expressasse descontentamento em relação aos amigos da esposa desde o início do estudo.
“Sempre ouvimos falar de problemas em relação a sogros e sogras, mas não pensamos em como pode ser difícil conviver com os amigos do parceiro”, afirmou Fiori ao PsyPost. “Reconhecer o papel potencialmente poderoso que amigos e uma rede mais ampla podem desempenhar no casamento é um processo importante (embora muitas vezes negligenciado) na manutenção de uma parceria saudável.”
O comportamento foi observado em grande parte apenas nos casais brancos. As razões para a discrepância tem origens culturais no contexto americano. A interação entre famílias negras é um fator importante para o desenvolvimento das relações amorosas. Já casais brancos dão mais importância a sua rede de amigos.
“Também sabemos que os negros americanos até constroem redes de parentesco extensas com familiares e amigos próximos e de confiança (conhecidos como "parentes fictícios") como forma de obter apoio. Assim, esse foco na família poderia proteger os casamentos de maridos e esposas negros dos efeitos negativos da desaprovação de seus amigos”, disse Fiori.
Apesar disso, ambos os grupos apresentaram aumento na probabilidade de opção pelo divórcio quando era observada uma interferência direta dos amigos na relação. Quando a desaprovação partia da mulher, entretanto, o comportamento não chegava a se tornar um fator relevante na separação.
Fiori atribui a tendência a vários fatores. “Primeiro, sabemos que as mulheres podem assumir o lugar dos amigos do marido mais facilmente (por exemplo, fazendo atividades juntos) em comparação ao que os homens fazem por suas esposas (envolver-se em assuntos de caráter emocional), que tendem a depender mais de amizades próximas.”
Essa questão pode se tornar ainda mais presente nos relacionamentos modernos, segundo a pesquisadora. “Historicamente, as pessoas eram apresentadas a seus futuros parceiros por meio de familiares e amigos”, afirmou Fiori. “Com a ascensão dos relacionamentos que têm início na internet, as pessoas são apresentadas a dois grupos completamente desconhecidos de amigos em um momento posterior, tornando a aceitação bem mais desafiadora.”.
Se o seu relacionamento está passando por um problema parecido, a sugestão é pensar na ajuda e no apoio que os amigos de seu parceiro ou parceira podem fornecer e buscar reconhecer sua importância para ele(a) e para a relação como um todo. O estudo foi publicado no Journal of Social and Personal Relationships.