Ciência

Derretimento na Antártida pode elevar nível do mar em dezenas de metros; entenda

O mundo caminha atualmente para um aumento da temperatura entre 2,5 e 3 graus

Manter-se abaixo de um aquecimento de 2ºC permitiria que essa camada de gelo contribuísse com menos de meio metro para o aumento do nível do mar até o ano 2500 (Pete Bucktrout/AFP)

Manter-se abaixo de um aquecimento de 2ºC permitiria que essa camada de gelo contribuísse com menos de meio metro para o aumento do nível do mar até o ano 2500 (Pete Bucktrout/AFP)

A

AFP

Publicado em 10 de agosto de 2022 às 13h44.

Última atualização em 10 de agosto de 2022 às 16h01.

Um aquecimento global de mais de dois graus pode causar o derretimento do maior manto de gelo do planeta, localizado na Antártida, o suficiente para causar uma elevação de dezenas de metros no nível atual do mar, alertam os cientistas.

O acordo climático de Paris de 2015, adotado durante a COP21, visa limitar o aquecimento global a 1,5°C em comparação com a era pré-industrial.

No entanto, de acordo com a Organização Meteorológica Mundial (OMM), o mundo caminha atualmente para um aumento da temperatura entre 2,5 e 3 graus.

Se o aquecimento continuar a se acelerar e passar dos 2ºC, o derretimento do manto de gelo da Antártida Oriental pode elevar o nível do mar em vários metros em alguns séculos, de acordo com um estudo da Universidade de Durham, no Reino Unido, publicado nesta quarta-feira.

"Esse manto é de longe o maior do planeta. Ele contém o equivalente a (um aumento de) 52 metros do nível do mar. É realmente importante não acordar esse gigante adormecido", disse o principal autor do estudo, o professor Chris Stokes, da Universidade de Durham.

Manter-se abaixo de um aquecimento de 2ºC permitiria que essa camada de gelo contribuísse com menos de meio metro para o aumento do nível do mar até o ano 2500, dizem os autores, que incluem cientistas do Reino Unido, Austrália e França.

Os pesquisadores, cujas descobertas foram publicadas na revista Nature, estudaram como o manto de gelo reagiu aos recentes períodos de calor e examinaram onde essas mudanças estão ocorrendo atualmente.

"Uma lição chave do passado é que o manto de gelo da Antártida Oriental é altamente sensível a cenários de aquecimento relativamente modestos. Não é tão estável ou protegido como pensávamos anteriormente", comentou a professora Nerilie Abram, da Universidade Nacional da Antártida em Camberra.

Abram enfatizou que ainda há uma "janela de oportunidade muito pequena para reduzir rapidamente nossas emissões de gases de efeito estufa, limitar o aumento das temperaturas globais e preservar o manto de gelo da Antártida Oriental".

(AFP)

LEIA TAMBÉM:

Clima extremo causou US$ 65 bi de perdas no primeiro semestre, diz estudo

Mudanças climáticas: Japão, afetado por temperaturas recorde, teme escassez de energia elétrica

Fenômeno climático La Niña pode durar até 2023, segundo a ONU

Acompanhe tudo sobre:Aquecimento globalEfeito estufaMeio ambienteMudanças climáticasNetZeroOceanos

Mais de Ciência

Pesquisadores britânicos descobrem novo grupo sanguíneo

Há quase 50 anos no espaço e a 15 bilhões de milhas da Terra, Voyager 1 enfrenta desafios

Projeção aponta aumento significativo de mortes por resistência a antibióticos até 2050

Novo vírus transmitido por carrapato atinge cérebro, diz revista científica