Ciência

Derretimento de geleiras está se acelerando, alerta estudo

A pesquisa mostra que o derretimento acelerado das geleiras elevará o nível do mar, colocando milhões de pessoas em risco de inundações.

Derretimento acelerado das geleiras aumenta risco de elevação do nível do mar (AFP)

Derretimento acelerado das geleiras aumenta risco de elevação do nível do mar (AFP)

AFP
AFP

Agência de notícias

Publicado em 19 de fevereiro de 2025 às 15h55.

Tudo sobreAquecimento global
Saiba mais

O derretimento das geleiras se acelerou na última década em todo o mundo, de acordo com um vasto estudo publicado nesta quarta-feira (19), que adverte que o fenômeno leva a uma elevação irreversível do nível do mar.

As geleiras, que são importantes reguladores climáticos e fornecem água doce a bilhões de pessoas, estão derretendo rapidamente à medida que as temperaturas globais aumentam devido à atividade humana.

Em uma avaliação sem precedentes, uma equipe internacional de pesquisadores constatou um forte aumento no degelo, com aproximadamente 36% mais gelo perdido entre 2012 e 2023 em comparação com o período de 2000 a 2011.

Em média, são perdidas cerca de 273 bilhões de toneladas de gelo a cada ano, o que equivale ao consumo de água da população mundial durante 30 anos.

Embora "impactantes", esses resultados não são totalmente surpreendentes, dado o ritmo do aquecimento global, afirmou Michael Zemp, da Universidade de Zurique, coautor do estudo publicado na revista Nature.

Impactos nas geleiras ao redor do mundo

As geleiras – ou glaciares – do mundo perderam aproximadamente 5% do seu volume desde o início do século XXI, com grandes diferenças regionais: de 2% a menos na Antártida a 40% a menos nos Alpes.

As regiões com geleiras menores estão perdendo-as mais rapidamente e muitas "não sobreviverão a este século", advertiu Zemp.

A pesquisa, coordenada pelo Serviço Mundial de Monitoramento de Geleiras (WGMS), a Universidade de Edimburgo e o grupo de pesquisa Earthwave, reuniu uma grande quantidade de medições de campo e dados de satélite para estabelecer um "ponto de comparação".

Segundo Zemp, que dirige o WGMS, o estudo sugere que os glaciares estão diminuindo a um ritmo mais rápido do que o estimado no último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU.

Consequências para o nível do mar e o fornecimento de água

"Portanto, enfrentamos uma elevação do nível do mar maior do que o esperado até o final deste século", declarou Zemp à AFP.

O degelo também afetará o fornecimento de água doce, especialmente na Ásia Central e nos Andes Centrais.

As geleiras são o segundo maior contribuidor para a subida do nível do mar, depois da expansão da água marinha devido ao aquecimento global.

Devido ao aumento de quase dois centímetros do nível do mar atribuído ao derretimento dos glaciares desde o ano 2000, cerca de quatro milhões de pessoas a mais nas zonas costeiras do mundo são vulneráveis a inundações, de acordo com cálculos dos cientistas.

O papel dos dados satelitais e das medições de campo

Durante o século XX, as avaliações se baseavam em observações de cerca de 500 geleiras representativas, complementadas atualmente com dados de satélite que permitem monitorar aproximadamente 275 mil geleiras ao redor do mundo.

A aceleração no derretimento das geleiras é um alerta para os impactos ambientais e sociais das mudanças climáticas, com consequências diretas para as populações costeiras e os recursos hídricos globais.

Acompanhe tudo sobre:AntárticaMudanças climáticasAquecimento global

Mais de Ciência

Arqueólogos descobrem primeira tumba de faraó em mais 100 anos

Brasil avança no uso de germoplasma e fortalece melhoramento genético

Este é o cão com a mordida mais forte do mundo – e não é o pitbull

Beber café todos os dias pode causar grandes 'mutações' nos rins — e fenômeno surpreende cientistas