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Degelo na Antártica pode intensificar erupções vulcânicas, diz estudo

Mudanças climáticas podem estar desencadeando um processo geológico lento, mas preocupante, no continente mais gelado do planeta

Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 8 de janeiro de 2025 às 21h25.

Última atualização em 8 de janeiro de 2025 às 21h27.

Pesquisadores identificaram um possível ciclo de retroalimentação envolvendo o derretimento da calota polar da Antártica e vulcões ocultos sob o gelo.

A região, dividida pelas Montanhas Transantárticas, é lar de gigantes vulcânicos como o Monte Erebus, conhecido por seu lago de lava, além de pelo menos 100 vulcões menos evidentes, muitos deles localizados sob a vasta camada de gelo.

À medida que o aquecimento global acelera o derretimento das geleiras, o impacto não se limita apenas à elevação do nível do mar.

Segundo um estudo publicado na revista científica Geochemistry, Geophysics, Geosystems, a perda de massa da camada de gelo também reduz a pressão exercida sobre os depósitos magmáticos abaixo da superfície, provocando a expansão do magma comprimido.

Esse fenômeno pode aumentar tanto a frequência quanto a intensidade de erupções vulcânicas subglaciais, conforme demonstrado em mais de 4.000 simulações de computador realizadas pelos cientistas.

Como o derretimento do gelo afeta os vulcões?

Quando o peso do gelo diminui, a pressão sobre as câmaras magmáticas também se reduz. Isso permite que o magma e os gases dissolvidos em seu interior se expandam.

A liberação desses gases pode gerar uma pressão semelhante à de uma garrafa de refrigerante recém-aberta, aumentando o risco de erupções.

Embora essas erupções ocorram a quilômetros de profundidade e não sejam visíveis na superfície, elas podem gerar calor suficiente para acelerar ainda mais o derretimento do gelo.

Isso enfraquece a camada glacial e pode desencadear um ciclo de redução de pressão e novas erupções vulcânicas.

Os autores ressaltam que este é um processo que ocorre em escalas temporais longas, ao longo de centenas de anos. No entanto, sua persistência significa que a retroalimentação pode continuar mesmo com ações significativas para mitigar o aquecimento global.

Pesquisas indicam que o mesmo mecanismo pode ter contribuído para erupções durante a última era glacial, quando a camada de gelo da Antártica era significativamente mais espessa.

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