Ciência

Mais transmissível, menos severa: estudo aponta características da Ômicron

Ômicron se multiplica 70 vezes mais rápido nos tecidos das vias aéreas do que a Delta, diz estudo da Universidade de Hong Kong

Variante Ômicron: risco global da linhagem é "provavelmente muito significativa" (./Reprodução)

Variante Ômicron: risco global da linhagem é "provavelmente muito significativa" (./Reprodução)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 17 de dezembro de 2021 às 14h44.

Última atualização em 17 de dezembro de 2021 às 15h00.

Um estudo da Faculdade de Medicina da Universidade de Hong Kong (HKUMed, na sigla em inglês) analisou a capacidade de replicação da variante Ômicron e indicou que ela pode ser de fato mais transmissível, porém, causar quadros infecciosos menos severos. Os pesquisadores destacaram que, mesmo com severidade reduzida, o risco global da linhagem é "provavelmente muito significativa".

Para chegar aos resultados, os cientistas utilizaram tecidos pulmonares para analisar como a cepa original do novo coronavírus, a Delta e a Ômicron infectam o trato respiratório humano. A pesquisa ainda está sendo analisada por pares antes de ser publicada em uma revista científica, informou a instituição de ensino.

A análise apontou que, quando comparada às outras duas cepas, a Ômicron se multiplica 70 vezes mais rapidamente nos brônquios humanos (estruturas com formato de tubo que ligam traqueia e pulmões, cuja função é encaminhar ar para esses órgãos). Isso pode explicar por que a linhagem detectada na África do Sul é mais transmissível - como indicaram evidências preliminares citadas pela própria Organização Mundial da Saúde (OMS).

No tecido pulmonar, formado pelos alvéolos (responsáveis pela troca gasosa que leva oxigênio ao sangue), no entanto, a replicação da nova variante parece ser menos eficiente, um indício de que a doença causada por ela pode ser menos severa. A Ômicron se multiplica cerca de 10 vezes mais devagar do que a Delta e a original, apontou o estudo.

Em quadros graves da covid, o vírus ataca principalmente os alvéolos. A inflamação desses "sacos de ar" os enche de líquido, o que prejudica a troca gasosa. Assim, o sangue não consegue receber a quantidade adequada de oxigênio nem eliminar o gás carbônico, causando falta de ar.

Michael Chan Chi-wai, líder da pesquisa, destacou, em nota, que a severidade de uma doença não é determinada apenas pela capacidade de replicação do vírus, dependendo também da resposta imune do paciente. "Ao infectar muito mais pessoas, um vírus infeccioso pode causar doenças mais graves e morte, embora o vírus seja menos patogênico", alertou.

Chi-wai também citou que estudos recentes feitos pelas equipes dele mostraram que "a variante Ômicron pode escapar parcialmente da imunidade proporcionada pelas vacinas e infecções anteriores". Por isso, avalia que a ameaça global da nova cepa é "provavelmente muito significante".

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